"Quem mantém os dois pés
no chão não sai do lugar."
no chão não sai do lugar."
Vou estabelecer uma meta pessoal: ler todos os livros que tenho antes de adquirir outros. Mas quem gosta de livros, sabe o quanto isso é difícil. Logo vemos um título e já o queremos. Não levamos em consideração que há uma pilha em casa nos esperando. E assim nossa biblioteca cresce. Talvez nem tanto quanto "A biblioteca mágica de Bibbi Bokken", romance infanto-juvenil dos noruegueses Jostein Gaarder e Klaus Hagerup.
Gaarder é o autor de "O mundo de Sofia", um dos meus livros favoritos e que marcou minha adolescência. Já esse romance escrito em dupla não me agradou tanto, mesmo tratando de um assunto que me fascina. Uma pena, faz anos que eu o tinha, e estava guardado para ser lido às vésperas do fim de ano. Por algum motivo, acreditei que poderia combinar com o espírito natalino.
A história gira em torno das aventuras e devaneios de dois adolescentes: Nils e sua prima Berit. Após passarem as férias juntos na cidade de Berit, Fjærland, eles decidem trocar correspondências de forma diferente, por meio de um caderno de cartas, espécie de diário que vai e volta pelos correios. A ideia para esse diálogo, mesmo já existindo internet na época em que foi lançado (2003), é bem interessante e a narrativa, pelo menos na primeira parte, acompanha o ritmo, intercalando as cartas dos dois. É Nils quem compra o diário em Oslo, onde vive. Na hora de efetuar o pagamento, é surpreendido por uma mulher, com cara de doida e que parece babar em cima dos livros, que se oferece para ajudar com alguns trocados. A partir de daí começam as aventuras, que envolvem concursos de redação, viagens, sonhos malucos, bolinhos e muitas conjeturas. As pistas que seguem mostram que a mulher, Bibbi Bokken, está trabalhando em uma biblioteca mágica, escondida em algum lugar da Noruega.
O que mais me incomodou foi a expectativa frustrada de chegar ao fim e descobrir que não houve surpresa ou reviravolta. As coisas aconteceram exatamente de acordo com o que parecia ser, ao contrário de "O mundo de Sofia". Talvez a comparação entre os dois romances, mais até que o fato de eu já ter passado há tempos da adolescência, tenha prejudicado a leitura, que poderia ter sido divertida em outras circunstâncias. No mais, não me empolguei com nenhum dos personagens, diálogos ou situações apresentadas. Pior, não fiquei com vontade de visitar a tal biblioteca. Acredito que cada um dos autores tenha escrito por um dos personagens, já que a narrativa é sempre em primeira pessoa. Por razões outras, porém, já coloquei mais um nome nos destinos que quero conhecer: Fjærland, na Noruega, e seus belíssimos fiordes. Toda leitura tem sua utilidade :-)
"Passeio pelas estantes da biblioteca. Os livros me
dão as costas. Não para me rejeitar, como as pessoas: são convidativos, querendo
apresentar-se a mim. Metros e mais metros de livros que nunca poderei ler. E
sei: o que aqui se oferece é a vida, são complementos à minha própria vida que
esperam ser postos em uso. Mas os dias passam rápido e deixam para trás as
possibilidades. Um único desses livros talvez bastasse para mudar completamente
a minha vida. Quem sou eu agora? Quem eu seria, então."
A versão que eu li |