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domingo, 28 de fevereiro de 2021

o jardim secreto



"Isso a fez pensar que era curioso perceber que uma pessoa parecia muito mais bonita ao sorrir."


Eu li "O jardim secreto", de Frances Hodgson Burnett, na hora errada. Talvez, se tivesse me debruçado sobre ele aos 12 ou 13 anos teria aproveitado muito mais a magia que o cerca.

O enredo é simples e encontrado em outras tantas ficções infanto-juvenis. Mary Lennox é uma criança mimada que não troca nem mesmo as roupas sozinha. Mora na Índia com os pais britânicos colonizadores. Eles pouco falam com ela e seus cuidados ficam sob responsabilidade dos empregados da casa. Até que um surto de cólera mata praticamente todos os habitantes da região. Sozinha, é mandada de volta à Inglaterra, onde passa a morar na casa de um tio viúvo, que é ainda mais distante. 

A casa é praticamente um castelo, cheio de quartos, empregados e jardins. Sem ter o que fazer, o passatempo é explorar os inúmeros cômodos, até que encontra algo que todos tentavam esconder: Colin, o primo doente e tão arrogante quanto ela. Aos poucos, acompanhamos o processo de transformação dos dois com a ajuda de Dickon, irmão de uma das camareiras do palacete. Sua família é o oposto do que jamais os dois primos haviam experimentado: são inúmeros irmãos, unidos e, apesar de bem pobres, vivem alegremente junto à natureza. É com Dickon que vão desbravar o tal jardim secreto do título. Trata-se de uma área externa da casa que foi fechada após a morte da mãe de Colin. Aquele era o espaço favorito dela, que se dedicava diariamente a cuidar das plantas e flores. Agora, é um local abandonado, cheio de ervas daninhas. Caberá ao trio sua recuperação e, à medida que as cores voltam a fazer parte do jardim, os corações e almas de Mary e Colin ganham outros propósitos. Destaque para a relação de amor e respeito de Dickon com os animais. Bonitinho. Vale conferir as versões para o cinema.

"─ Ele toca sua flauta, e eles ouvem. ─ explicou Mary. ─ Mas não chama isso de Mágica. Diz que é porque vive muito no pântano e conhece os jeitos dos animais. Diz que, às vezes, se sente como se fosse, ele próprio, um pássaro ou um coelho pois gosta deles. Acho que fez perguntas ao pintarroxo. Foi como se conversassem um com o outro em suaves trinados."

"Uma das coisas novas que as pessoas começaram a descobrir no último século foi que os pensamentos, apenas meros pensamentos, são tão poderosos quanto baterias elétricas, tão bons quanto o brilho do sol, ou tão cruéis para uma pessoa como veneno. Deixar um pensamento triste ou cruel entrar em sua mente é tão perigoso quanto deixar uma febre escarlate germinar em seu corpo. Se você permitir que ela fique lá depois que já se instalou, você pode nunca mais se livrar dela, se é que irá sobreviver."