Páginas

Mostrando postagens com marcador jhumpa lahiri. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador jhumpa lahiri. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

unaccustomed earth



Os livros de Jhumpa Lahiri sempre trazem imigrantes indianos na Europa e nos Estados Unidos, bem como seus filhos nascidos no ocidente e que transitam entre duas culturas bem distintas. Talvez por isso se agarram a seus próprios costumes, obrigando, muitas vezes, seus descendentes a terem os mesmos valores. E daí surgem os conflitos e o estranhamento diante da mistura de expectativas. Diria que nasce uma geração que não pertence nem à origem e nem ao destino. 

Há uma passagem de um dos contos do excelente "Intérpretes dos Males", meu primeiro contato com sua obra, que ainda está muito forte na minha mente, uma indiana sentada no chão da sala cortando legumes de forma bem metódica, sua atividade mais emocionante do dia. Após o casamento arranjado, as mulheres sempre acompanham os maridos para seus novos desafios profissionais no estrangeiro. E para elas tudo é ainda mais difícil. Primeiro porque não foi uma escolha. Segundo porque a submissão feminina ainda é muito forte. Por isso, é uma grande vitória quando esta mesma indiana consegue, por exemplo, licença para dirigir e trabalhar como babá.

"Unaccustomed Earth", que infelizmente não foi traduzido no Brasil, traz oito contos, sendo que os três últimos fazem parte da mesma narrativa, o que fazem dele praticamente uma novela.

No primeiro, que dá título ao livro, temos o estranhamento de uma filha diante da súbita mudança do pai após a morte de sua mãe. Ele passa a fazer coisas que não fazia até então, como viajar pelo mundo. 

"Hell-Heaven" conta a história de uma mulher casada que tem uma filha pequena. Como muitos casais, o casamento foi arranjado e os dois deixaram a Índia para viver nos Estados Unidos. A solidão que ela sente é amenizada com a chegada de outro indiano, que torna-se o amigo mais próximo da família. Ela passa a depositar nele toda a esperança de uma vida mais feliz.

"A Choice of Accommodations" mostra um filho de indianos casado com uma norte-americana e com duas filhas pequenas. Ele abandonou sonhos e acomodou-se às situações que foram se apresentando. O casamento de uma amiga o levará a questionar a vida em comum com a esposa.

Em "Only Goodness", há a irmã que faz de tudo pelo irmão mais novo, isso inclui ajudá-lo a conseguir bebidas alcoólicas longe dos olhares dos pais. O que ela não sabia é que, aos poucos, vai contribuir para um vício que pode destruir a família, incluindo a sua que se formará na Inglaterra.

"Nobody’s Business" conta a história de uma filha de indianos nos Estados Unidos. Independente, ela tem que lidar com as várias ligações que recebe de pretendentes enviados por parentes e amigos que querem casá-la. Ela namora um egípcio e divide o apartamento com outras duas pessoas. Passará por uma grande decepção que a fará rever a liberdade que adquiriu.

"Vismaya and Kausik" é composto por três contos que tratam da vida dos dois personagens do título. Enquanto ela cresceu nos Estados Unidos, ele passou parte da infância na Índia. Durante um período eles vivem na mesma casa, e são essas memórias que vão ser narradas por ambos, enfatizando como as vivências da infância podem definir toda a trajetória adulta. O fim faz menção, de forma sutil, mas muito triste, ao Tsunami que atingiu vários países da Ásia em 2004. Fica muito evidente que alguns dias podem valer por toda uma vida. Para os contos de Lahiri e também para nós, leitores que suspiramos (e nos identificamos) com os sentimentos de seus personagens. A minha edição é canadense de 2008, capa dura e com páginas que parecem terem sido feitas à mão. Linda! Mas demorei todo esse tempo para concluir a leitura. Talvez estivesse, assim como Vismaya, presa a um instante eterno.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

aguapés


As duas edições que tenho

Jhumpa Lahiri é descanso para a mente. Mesmo sendo tristes, algumas demasiadamente como "O xará" (que foi para o cinema), sempre me sinto bem depois de ler ou reler suas histórias. Fui apresentada ao seu primeiro livro, a coletânea de contos "Intérprete de Males", em 2001 por um amigo indiano. De lá para cá, foram mais três livros publicados. Em todos, ela aborda a tradição indiana, o amor, a família, os sonhos e os ressentimentos, seja na própria Índia ou em algum lugar dos Estados Unidos ou Europa. E quando no papel de imigrantes, seus personagens têm que lidar com a alteridade. Muitos têm dificuldade para aceitar o costume local, ao mesmo tempo em que seus valores são vistos como antiquados. Aos poucos, porém, um e outro se  fundem e criam novas versões da cultura, da comida, da música, do idioma, de si mesmos. 

Nascida em Londres e filha de indianos, hoje vive na Itália. Já comentou que quer que os filhos vivenciam o papel de estrangeiros. Situação que sabe narrar muito bem. Eu venho de família de imigrantes, dos dois lados. Tive avós que, com ar nostálgico, relatavam momentos em suas terras. Fecho os olhos e vejo minha avó paterna a percorrer os vastos campos portugueses, indo para alguma festa na aldeia que morava. Ou meu pai, ainda bebê, passando muito mal no navio que o trouxe ao Brasil. Ou ainda meu avô materno escrevendo meu nome em kanji. O sentimento que percebia em cada conversa e a vontade de enaltecer seus próprios traços são os mesmos que encontro nos quatro livros de Jhumpa. 

A cultura indiana é recorrente em suas obras
Não me importo que todos tenham a mesma temática, tampouco que ela utilize metáforas piegas, como "o que parecia impossível acontecera. A montanha se fora. No lugar havia agora uma pedra pesada, como algumas pedras profundamente enterradas quando cavava a areia da praia. Grande demais para remover, a superfície parcialmente visível, mas de contornos desconhecidos." Pode até parecer prosa poética pobre, mas perdoo e continuo a ler. Sei ainda que não é a única a tratar desses temas, presentes em outras escritoras indianas, como Chitra Banerjee Divakaruni, e na obra do afegão Khaled Hosseini, apenas para citar alguns exemplos. O que diferencia Lahiri é a sensação, sempre agradável, depois da leitura.

"Aguapés", ou "The lowland" no original, é seu segundo romance, lançado por aqui durante a Flip no ano passado. Tem os mesmos elementos citados anteriormente com a adição de referências políticas e do movimento naxalista, que teve sua origem em 1967 em Naxalbari, Bengala Ocidental. Seus integrantes são considerados comunistas extremistas e seguem Mao Tse Tung. Massacres, atentados e perseguições fazem parte da história grupo, que ainda permanece ativo. A morte de seu fundador em 2010, Kanu Sanyal, que aparece no romance, foi noticiada pelos jornais brasileiros. Esse clima permeia toda a obra que fala do afeto entre dois irmãos: Subhash e Udayan. Apesar de unidos, após a faculdade passam a ter expectativas diferentes. Um vai para os Estados Unidos. O outro fica na Índia com seus propósitos revolucionários. Suas escolhas vão determinar a vida dos demais personagens, sobretudo as de Gauri e Bela. Não preciso dizer mais. O enredo é previsível, os motes já foram utilizados outras tantas vezes. Mas o sabor continua agradável, afinal, não queremos sempre mais daquilo que apreciamos?

Leia também: http://www.livrosemotivos.com.br/2012/02/india-e-bem-mais-perto-do-que-parece.html

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

os dez livros mais marcantes


Fui convidada no Facebook a dizer quais são os dez livros que mais me marcaram. Embora possa mudar a qualquer instante, eis a minha lista:

Memorial do Convento, de José Saramago: a história de amor de Baltazar e Blimunda, sete-sóis e sete-luas, é linda. Sem contar a simbologia por trás da dupla e demais personagens. Aliás, vou encaixar aqui outros dois livros de Saramago: 'As intermitências da morte' e 'Ensaio sobre a cegueira'. Todos hilários e muito inteligentes.

Intérprete dos Males, de Jhumpa Lahiri: sou apaixonada pela Índia. E esse livro só aumentou minha afeição por tudo o que vem desse país. São vários contos que mexem com nossos sentimentos.

A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera: o que é o amor, afinal? Talvez esse livro possa dar algumas pistas. A versão para o cinema ficou muito boa também. Outro romance que vai nesta linha é 'Travessuras da menina má', de Mario Vargas Llosa. Deveras bom também. 

O mundo de Sofia, de Jostein Gaarder: acredito no poder do young adult (YA) para incentivar a leitura. Está aí um dos livros que li na adolescência e que ainda hoje tem seus reflexos.

Melancia, de Marian Keyes: meu primeiro chick-lit. Veio em boa hora e me ajudou a transformar lágrimas em risos.

1984, de George Orwell: será que não vivemos isso? Essa foi a pergunta que fiz nas duas vezes que li o livro, num intervalo de 15 anos entre uma leitura e outra. Aposto que ainda continua atual.

O processo, de Franz Kafka: sabe aqueles sonhos e pesadelos malucos que temos? Pois Kafka soube transformá-los em literatura. Incluo ainda aqui 'A metamorfose'.

O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë: tem o trecho de livro que mais gosto. Algo assim: amo tanto meu pai que gostaria que ele morresse primeiro. Assim, eu lidarei com sua morte e não ele com a minha (...)

Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski: quem nunca se sentiu culpado? Talvez não por um assassinato, espero, mas todos nós temos que lidar com dúvidas sobre nossos atos. Romance que vai fundo na consciência do personagem. Chegamos a sentir sua aflição.

Música ao Longe, de Erico Verissimo: o primeiro romance que li. Tinha uns 10 anos. Com a professora Clarissa, a protagonista, comecei a escrever num diário. Mesmo com o fundo político, o livro é leve e nos deixa com aquele ar sonhador. Antes de Música ao Longe, Verissimo escreveu o romance 'Clarissa', que mostra a adolescência dessa mesma personagem. Após, veio 'Um Lugar ao Sol', que encerra, vamos dizer assim, a 'trilogia Clarissa'. Todos inesquecíveis, sobretudo os dois primeiros. E já inclui vários livros, vai mais um aqui do mesmo autor: 'Olhai os lírios do campo'.

Desafio todos que passarem por aqui a elencarem suas leituras mais marcantes também ;-)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

a índia é bem mais perto do que parece

Quem gosta de ler sabe que um livro puxa outro e quando você se dá conta, não consegue mais ler todos que gostaria.

Foi assim que veio meu interesse por histórias da Índia. Primeiro, a curiosidade despertada pela cultura indiana com a edição de 1994 do livro "O Mahabharata", do francês Jean-Claude Carrière. O Mahabharata é a principal obra em sânscrito, que Carrière conseguiu contar em prosa nesse agradável livro. Uma grande façanha, pois o original tem cem mil versos. É lá que está o famoso Bhagavad-Gita, diálogo entre Krishna e Arjuna.

Esse foi meu primeiro contato com a mitologia e deuses que habitam o distinto universo hindu. Do mesmo autor, também tenho o belíssimo "Índia - um olhar amoroso". Em suas palavras: "Neste livro, em que, por definição, a ordem é a alfabética e não dos itinerários ou dos anos - o que não é um exercício assim tão fácil, tão abrangente, como alguns costumam afirmar -, tentei ir, quando podia, um pouco além da visão superficial, e até mesmo por no caminho, como se fossem de monumentos, certas noções, modos de vida e personagens. É uma viagem que me deu muito prazer, e eu os convido a seguir comigo." Convite aceito. Ampliei a coleção com "Mahabharata - poema épico hindu", recontado por William Buck.

Por indicação de um amigo indiano, cheguei ao "O Deus das pequenas coisas", de Arundhati Roy. Junto com essa indicação veio o nome de outra autora: Jhumpa Lahiri e o comovente "Intérprete dos Males".

A partir daí, descobri vários títulos dessas e de outras autoras indianas, ou melhor, de autoras que nasceram na Índia ou são descendentes de indianos, mas que foram morar na Europa ou nos Estados Unidos. Ninguém melhor que elas para abordar a família, a cultura, a ruptura e as memórias dos indianos. Todas nos apresentam narrativas de incrível delicadeza. Impossível não sentir a emoção e a sensibilidade dos personagens. Recomendo a viagem literária, que para mim ainda não está concluída.

O Deus das pequenas coisas, de Arundhati Roy

Estha e Rahel são irmãos gêmeos que foram separados aos oito anos de idade. Tomam rumos diferentes e só voltam a se ver quando completam 31 anos. Com o reencontro, um dilúvio de lembranças da infância e de pequenos momentos que os faziam felizes, que os levavam ao mundo da fantasia, que transgrediam seus direitos e que, também, foram responsáveis pelo afastamento. Esse foi o primeiro livro de Arundhati Roy, escritora e ativista política que nasceu em Kerala, na Índia, local onde a trama é ambientada. Por seu envolvimento com os direitos dos indianos, ela aproveita para, de modo sutil, criticar o sistema de castas. Vocês vão amar alguns personagens, odiar outros e entender todos, de alguma forma.

"Naqueles primeiros anos amorfos, em que a memória tinha apenas começado, em que a vida era cheia de Começos e sem Fins, e Tudo era Para Sempre, Esthappen e Rahel pensavam em si mesmos juntos como Eu, e separadamente, individualmente, como Nós. Como se fossem uma rara espécie de gêmeos siameses, fisicamente separados, mas com identidades conjuntas." 

Intérprete de males, de Jhumpa Lahiri

A autora é inglesa, filha de imigrantes indianos e cresceu nos Estados Unidos. E é entre as culturas oriental e ocidental que oscilam os contos que integram sua primeira obra. Todos os personagens têm suas origens na Índia. Há o casal que, na varanda de sua casa nos Estados Unidos, descobre que o amor acabou. Há a indiana que vai morar com o marido nos Estados Unidos e que passa horas picando legumes, enquanto ele se dedica à universidade em que trabalha. Para se distrair, ela aprende a dirigir e passa a cuidar de uma criança. Há outro casal que, após anos vivendo juntos no silêncio, descobre o quanto é verdadeiro o amor que um sente pelo outro, mesmo a relação tendo sido imposta pelos pais num casamento arranjado. Já o conto que dá o título ao livro, parte da diversidade de idiomas na Índia - são 18 oficiais e um tanto mais de locais - ao falar de um homem que atua como intérprete de um médico. Cabe a ele traduzir todas as línguas para que seja possível entender os males que "atormentam" cada um dos pacientes.

A senhora das especiarias, de Chitra Banerjee Divakaruni

Quem assistiu "Chocolate", do diretor sueco Lasse Hallström, vai identificar algumas semelhanças com o livro. No filme, baseado no livro homônimo de Joanne Harris, Vianne Rocher, interpretada por Juliette Binoche, chega a um vilarejo e abre uma loja de chocolates que chama a atenção de todos e causa a fúria de alguns. Suas misturas exóticas e inusitadas do doce proporcionam conforto para muitas pessoas. Já no livro da indiana, temos também uma personagem feminina que chega aos Estados Unidos e monta uma loja de especiarias. Mágicas, elas, da mesma forma, funcionam como remédio para o corpo e para a alma. O livro beira o fantástico, principalmente nas regressões de Mina, já idosa, à sua terra natal. A fantasia ainda é maior e mais empolgante quando ela encontra um jovem por quem se apaixona. Seriam suas especiarias capazes de lhe devolver a juventude?

Irmã do meu coração, de Chitra Banerjee Divakaruni

Relato da amizade e do amor entre duas primas: Anju e Sudha. Ambas são órfãs de pais e foram criadas apenas pelas mães. São extremamente unidas, mas os casamentos arranjados e um segredo de família as separam. Fisicamente, apenas. Anju vai para os Estados Unidos com o marido jovem, por quem se apaixona. E Sudha fica na Índia lidando com um marido mais velho e com a sogra que a tem como empregada. Sudha é extremamente bela e encanta a todos, até mesmo o marido da prima. Anju finge não perceber essa atração unilateral e, ao saber do sofrimento crescente de Sudha, a convida para morar com eles.



The unknown errors of our lives (Os erros desconhecidos de nossas vidas, em tradução livre), de Chitra Banerjee Divakaruni

São nove contos que revelam a beleza e a simplicidade dos indianos, em especial os que imigram para os Estados Unidos. As histórias falam de adaptação, nostalgia e nos mostram que atos isolados de outras pessoas podem definir nossa história. Muitas vezes não entendemos os dizeres de nossas mães durante a infância e a adolescência. Mas quando somos nós as mães, suas afirmações mostram-se sensatas e inevitáveis. Em "The love of a good man" (O amor de um bom homem), Mona convive com a lembrança da mãe, que morreu vítima de um câncer. Acredita-se que tenha sido desencadeado pela desilusão que teve com o marido, que abandonou a família na Índia para ir morar nos Estados Unidos. Após a morte da mãe, ela própria deixa a Índia e constitui sua família, também em terras norte-americanas. O que ela não contava é que seu pai voltaria a procurá-la. A todo momento a recordar as máximas da mãe, agora verdadeiras, ela tenta evitar o reencontro. Perdoar ou não perdoar? “Quando eu optei pela raiva, eu não tive que pagar um preço por isso?”, ela se pergunta. E responde com outra pergunta:  "Não temos todos que pagar de alguma forma, não importa o que escolhemos.”
 
The namesake (O xará), de Jhumpa Lahiri

Mostra a trajetória de uma família indiana que vive nos Estados Unidos. O pai é um importante professor. A mãe, uma dona de casa. Os filhos, nascidos no ocidente, renegam suas origens. Adaptaram-se às regras dos norte-americanos. Silenciosos, os pais acompanham o distanciamento e a fuga da ideia de família. O livro foca, sobretudo, o filho Gogol. O nome lhe foi dado por seu pai, em homenagem ao escritor russo, o que traz vários constrangimentos ao rapaz, que não hesita em trocá-lo, ferindo ainda mais o orgulho paterno. Prepare-se para as lágrimas que virão. Foi adaptado para o cinema.



Unaccustomed Earth (Terra descansada), de Jhumpa Lahiri
 
Os contos lembram muito os que figuram no primeiro livro de Lahiri. Mesmo tendo deixado a Índia, os mais velhos insistem em manter vivas suas tradições junto aos filhos e netos. Todavia, esses já estão cada vez mais "americanizados", o que pode ser visto em suas roupas, geladeiras e ambições. O título do livro vem do conto que fala de uma indiana que se casa com um norte-americano. Ela não se sente à vontade para convidar seu pai a vir morar com eles, após a morte de sua mãe. Tal conflito reside na tradição que diz que os filhos têm que cuidar dos pais. Enquanto isso, seu pai aproveita para viajar pela Europa e curtir a vida aos 70 anos. Encontra, inclusive, tempo para um novo amor. Num outro texto, que também mostra a relação entre uma norte-americana e um indiano, percebemos como um casamento, às vezes, precisa ser destruído para depois ser reconstruído e permanecer descansado.

"Em uma de suas quatro mãos ele segura uma de suas presas, quebrada. É a sua pena: de fato, Ganesha usou essa presa pra escrever a maior parte do Mahabharata, ditada por Vyasa. Por isso, ele é a divindade protetora dos escritores, e de todos os que se dedicam ao estudo. É por isso que ele figura na capa deste livro." (Jean-Claude Carrière)