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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

canção de natal

Roubei do Wikipedia:
capa da primeira edição
Charles Dickens sempre me remeteu ao Natal. Talvez seja efeito de uma de suas obras mais conhecidas, 'Canções de Natal', de 1843, que acabei de ler na sua versão original. Digo isso porque a história já teve várias adaptações: cinema, teatro, musical, animações, quadrinhos e versões resumidas, como a que eu havia lido nas aulas de inglês. Basicamente fala sobre o rabugento Ebenezer Scrooge, que odeia o Natal. Ele não sorri. Não emite nenhum sinal de cordialidade. Vive sozinho e rejeita qualquer tentativa de aproximação. E segue assim até a noite de Natal em que recebe a visita do fantasma de seu ex-sócio, morto há alguns anos, que anuncia outros três espíritos, representando o passado, o presente e o futuro. Com eles, Scrooge embarca para uma viagem pelo tempo e reflete sobre os motivos que o deixaram tão amargurado. Descobre, então, que tudo seria mais fácil e leve se voltasse a cultivar o sorriso no rosto. O livro foi um dos primeiros a retratar o Natal tal e qual o conhecemos: as mesas fartas, os gestos solidários, o lado emotivo mais aguçado e a esperança de que tudo será melhor. Excelente pedida para o fim de ano :-)

“É justo reconhecer que, por uma lei nobre do mundo, enquanto a tristeza e a doença são tão contagiosas, da mesma forma se mostram o riso e o bom humor.”

“Ele correu para a janela, abriu-a e colocou a cabeça para fora. Não havia neblina ou névoa, o dia estava claro, brilhante, exprimindo uma alegria jovial; fazia frio, muito frio, de congelar o sangue nas veias. O sol emitia sua lua amarelo-ouro e o céu estava celestial, o ar fresco percorria-lhe os pulmões.”

Adaptação para animação digital (2009)

sábado, 27 de dezembro de 2014

o presente do meu grande amor

Queria terminar o ano lendo belas histórias de Natal. Sabe Natal do hemisfério norte, com neve, frio e muitos pinheiros enfeitados? Pois é. Daí dei de cara com ‘O presente do meu grande amor’ na livraria. São 12 contos organizados pela escritora Stephanie Perkins. Ela mesma assina um deles, ‘É um Milagre de Yule, Charlie Brown’. Em comum, todos trazem neve e adolescentes apaixonados que vão salvar as festas, o que faz da coleção um young adult natalino. Isso me decepcionou. Não era exatamente o tipo de literatura que esperava. Com exceção de um ou outro conto, a leitura não empolgou. Mas dois se destacaram pela sutileza. ‘Anjos na Neve’, de Matt de La Peña, conta os dias de fome de Shy, filho de mexicanos em Nova York. Até que uma bela moça aparece e lhe oferece o melhor jantar da sua vida. Bonitinho. Gostei ainda de ‘Bem-Vindo a Christmans, Califórnia’, de Kierten White, que também traz mexicanos. Lá, um cozinheiro parece saber exatamente qual prato vai alegrar cada um de seus clientes. Muito, muito parecido com o delicioso ‘A senhora das especiarias’, da indiana Chitra Divakaruni, e com o filme ‘Chocolate’ (2000), dirigido por Lasse Hallström. Todos são seduzidos por aromas e sabores, afinal.

Alguns contos tentam o estilo fantástico, mas acabam se perdendo no caminho. Acredito que a tradução não tenha ajudado a entender certas passagens. Aparentemente, o livro foi para a gráfica às pressas, sem revisão detalhada. Mas serve para alimentar o clima festivo e sensível. Lembrou ‘Deixe a neve cair’, reunião de três contos de Maureen Johnson, John Green e Lauren Myracle, que li nesta mesma época ano passado.

Agora, se quiserem mesmo se emocionar, leiam ‘A pequena vendedora de fósforos’, escrito em 1845 pelo dinamarquês Hans Christian Andersen. Lá o final surpreende pela realidade. Belíssimo, diga-se de passagem. Mas triste toda vida.

domingo, 21 de dezembro de 2014

pela metade



Leituras que ficaram pela metade. Por vários motivos, por vários outros livros. 

'Faça acontecer' ganhei de presente. Narrativa que mostra o caminho do sucesso de Sheryl Sandberg, executiva do Facebook. Leitura leve, parece um bate-papo. Já aprendi algumas coisas com ela ;-)

'O cão que guarda as estrelas' é um manga lindo. Ainda não terminei porque estou com medo de sofrer :-/

'Flush' está na minha maratona animal. É Virginia Woof na mente de um cão.

'O homem que vive' é puro inverno. Todas as lembranças do protagonista estão nessa estação.  Seria mais interessante lê-lo observando a neve cair. Não sendo possível, vai ser o conforto imaginário para me proteger do verão infernal. Escrito por um acadêmico, muito lido por mim na faculdade, está cheio de frases de efeito.

'The catcher in the rye' faz parte da minha lista 'só eu não li'. Confesso que esperava mais. Ali estão todos os estereótipos dos adolescentes, resmungões, perdidos, 'me deixa'. Haha! Vamos ver como termina.

'Moby Dick' encalhou. Uso o trocadilho para dizer que esse foi um dos livros mais chatos que caiu nas minhas mãos. Mas vou ajudar essa cachalote a se vingar de seus caçadores. Ah, se não vou!


'Como ter uma vida normal sendo louca' traz dilemas e soluções 'Sex and the City' para quem está na cada dos vinte. Divertido, ótimo para ler na praia.

'Alta fidelidade' mostra os romances que não deram certo de um homem de 35 anos. Interessante ver o ponto de vista masculino. O que me chamou a atenção, porém, é a trilha sonora. Adoro ouvir música nos livros :-)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

nós, animais

'Nós, animais', da professora Evely Libanori, é a reunião de trinta crônicas que retratam o amor pelos bichos e a indignação diante das constantes crueldades. Amante dos gatos, a autora faz deles personagens constantes. Ora homenageando os que se foram, ora mostrando a graça do convívio diário com esses felinos. Quem os conhece sabe o quanto são amorosos e divertidos. É o que mostra, por exemplo, a brincadeira criada por um de seus bichanos a partir da cabeça de um santo. Outras histórias são demasiadamente tristes. E junto com Evely sentimos a dor do lagarto incendiado, dos filhotes de gato jogados no bueiro, da égua obrigada a puxar carroça e da cachorra que vive acorrentada. As frases são curtas e cheia de reticências. Demonstram o desabafo e a impotência diante de situações que não podem ser revertidas. Restam as várias menções a Deus, que fazem a escrita parecer uma oração. Felizmente, pessoas que lutam em prol dos animais existem. Gostar dos bichos é, sobretudo, deixá-los livres. ‘Um bem-te-vi no meu caminho’ é meu texto preferido. Pássaro novo que não sabia voar cai na calçada. É resgatado, cuidado. Junto com sua protetora ouve Strauss, Vivaldi e Mozart. Sua presença já é parte da rotina, da casa. Mas pássaro não é para ficar preso. O dia da despedida chega e ela o ajuda a alcançar o céu. Linda crônica. Linda mensagem. E isso é respeito. “Ele mudou tanto em duas semanas. Como cresceu! Pelo que vejo, em, no máximo, mais uma semana ele vai voar. E vai voar para longe de mim.”

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

matilda


Por que ninguém me apresentou a este livro quando eu tinha oito anos? É para esta idade que volto ao ler ‘Matilda’, do autor galês Roald Dahl, o mesmo de ‘A fantástica fábrica de chocolate’. O livro é uma delícia e me fez voltar ao passado e às boas e eternas lembranças da infância. Não por conta do enredo ou das características das personagens, mas pelas boas sensações que me trouxe. Descobri-o por acaso no Youtube. Conta a história da super inteligente Matilda. Ela tem apenas cinco anos. Aprendeu a ler e a fazer contas sozinha. Seus pais não estão nem aí para as habilidades da filha. Pelo contrário, acham estranho ela ficar enterrada nos livros quando há programas mais interessantes passando na TV. Enquanto isso, Matilda descobre a biblioteca pública. Em poucos meses, devora todos os livros da seção infantil e se debruça nos grandes clássicos da literatura. O livro é repleto de estereótipos, como a diretora carrasca, a professora boazinha, pais que não dão a devida atenção aos filhos, travessuras como vinganças e a alienação da sociedade diante da comunicação de massa e seus desejos de consumo. Escrito em 1988, ganhou adaptação para o cinema e para o palco, em um musical no Reino Unido. As ilustrações, com traços simples, dão um tom engraçado para a história. Se estiverem buscando indicações de livros para crianças, aqui está uma boa pedida. Com direito a nostalgia ;-)