"Mais importante que saber é nunca
perder a capacidade de aprender."
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Pedagogia da Esperança”, de 1992, de Paulo Freire, repassa todo o processo de criação da sua teoria sobre a pedagogia do oprimido, que foi lançada em livro entre o fim da década de 60 e início dos anos 70. Vale ressaltar que a obra foi impressa em vários outros idiomas antes de chegar, de maneira legal, ao Brasil. Isto porque, na época, Freire estava exilado no Chile. Suas ideias progressistas não estavam em sintonia com o pensamento da ditadura e dos que nos governavam. Foi preciso a ajuda de uma freira para que algumas cópias chegassem por aqui.
"Conheci, nesta época, uma jovem freira norte-americana que trabalhava no Nordeste e que me disse ter entrado algumas vezes no Brasil, no regresso de suas viagens aos Estados Unidos, com alguns exemplares da Pedagogia, sobre cuja capa original ela punha capas de livros religiosos. Desta forma, amigos seus, que trabalhavam em periferias de cidades nordestinas, puderam ler o livro e discuti-lo antes mesmo de sua publicação em português."
Para além da revisitação da obra que contribuiu com vários movimentos de libertação ao redor do mundo, a narrativa de Freire é uma delícia. Vai totalmente ao encontro do que entende sobre um bom texto. É enfático ao dizer que escrever difícil não é sinônimo de trabalho científico bem feito. Pelo contrário, o texto deve ser bonito, elegante, compreensível.
"Ler um texto é algo mais sério, mais demandante. Ler um texto não é "passear" licenciosamente, pachorrentamente, sobre as palavras. É apreender como se dão as relações entre as palavras na composição do discurso. É tarefa de sujeito crítico, humilde, determinado."
Portanto, a leitura desta obra também é um grande aprendizado sobre o ato de escrever. A vivência sempre precedia a redação. Mas seu exercício não parava aí. Antes de colocar as palavras no papel, as ideias eram compartilhadas com amigos, em seminários. Eram testadas em grupos que o procuravam e, assim, recriadas, sempre que necessário. E como lhe dava prazer saborear as palavras que surgiam, formando sentenças, transformando-se na teoria que iria inspirar gerações. Mesmo que você não tenha interesse na metodologia de Freire, leia, sobretudo se gosta de pesquisa. O livro, por si só, é um grande ensaio sobre como um trabalho científico deve ser conduzido. Para ele, sempre interessou muito mais o processo no qual os conceitos surgem do que o produto final, por assim dizer.
"O tempo de escrever, diga-se ainda, é sempre precedido pelo de falar das ideias que serão fixadas no papel. Pelo menos foi assim que se deu comigo. Falar delas antes de sobre elas escrever, em conversas de amigos, em seminários, em conferências, foi também uma forma de não só testá-las, mas de recriá-las, de repartejá-las, cujas arestas poderiam ser melhor aparadas quando o pensamento ganhasse forma escrita com outra disciplina, com outra sistemática. Neste sentido, escrever é tão refazer o que esteve sendo pensado nos diferentes momentos de nossa prática, de nossas relações com, é tão recriar, tão redizer o antes dizendo-se no tempo de nossa ação quanto ler seriamente exige de quem o faz, repensar o pensado, reescrever o escrito e ler também o que antes de ter virado o escrito do autor ou da autora foi uma certa leitura sua."
"O gosto com que me entregava àquele exercício, à tarefa de ir como que me gastando no escrever e no pensar, inseparáveis na criação ou na produção do texto, me compensava o déficit de sono com que voltava das viagens. Já não tenho na memória os nomes dos hotéis onde escrevi pedaços do quarto capítulo da Pedagogia, mas guardo em mim a sensação de prazer com que relia, antes de dormir, as últimas páginas lidas."
O fato é que sua produção foi essencial para que vários militantes da educação pudessem ir ao embate, fazendo valer a esperança. E aqui destaco a definição de Freire sobre esperança. Ela é importante para nos manter vivos e nos levar aonde queremos chegar. Porém, de nada serve se não a usarmos como estopim da nossa própria luta. Esse espírito fez com que viajasse por praticamente toda a América Latina e também por países colonizados por Portugal na África, sempre procurado por pessoas que, com seus escritos nas mãos, viam nele a pessoa que poderia dar vazão aos projetos revolucionários que tinham sobre independência, igualdade e transformação.
"Sem o mínimo de esperança não podemos sequer começar o embate, mas, sem o embate, a esperança, como necessidade ontológica, se desarvora, se desendereça e se torna desesperança que, às vezes, se alonga em trágico desespero. Daí a precisão de uma certa educação da esperança. É que ela tem uma tal importância em nossa existência, individual e social, que não devemos experimentá-la de forma errada, deixando que ela resvale para a desesperança e o desespero. Desesperança e desespero, consequência e razão de ser da inação ou do imobilismo."
"Não quero dizer, porém, que, porque esperançoso, atribuo à minha esperança o poder de transformar a realidade e, assim, convencido, parto para o embate sem levar em consideração os dados concretos, materiais, afirmando que minha esperança basta. Minha esperança é necessária, mas não é suficiente. Ela, só, não ganha a luta, mas sem ela a luta fraqueja e titubeia. Precisamos da esperança crítica, como o peixe necessita da água despoluída."
Sua primeira esposa, Elza, foi fundamental na construção do seu trabalho. Era a quem Paulo Freire sempre recorria quando precisava de conselhos. Foi quem o fez ver, a partir de um comentário à pessoa que convidava o marido a fazer parte do recém-criado Sesi (Serviço Social da Indústria), que seu lugar era a Educação, o magistério, e que sem isso não faria sentido ele aceitar o cargo. Foi neste período que ele também abandonou a recém carreira de advogado, despedindo-se do dentista que seria seu primeiro e último cliente.
"E que fará Paulo nesse órgão? Que poderá ele propor a Paulo, além do necessário salário, no sentido de que ele exercite sua curiosidade, se entregue a um trabalho criador que não o leve a morrer de tristeza, a morrer de saudade do magistério de que ele tanto gosta?"
A partir daí, foi dada a largada à sua profissão e ao trabalho de décadas em torno da educação progressista transformadora. Por meio de seus relatos, encontramos outro fator determinante para a metodologia que passaria a adotar. Logo no começo de sua jornada, realizou, sem muitos recursos, uma pesquisa com pais no Estado de Pernambuco. Chegou a conclusão de que os castigos violentos às crianças se davam sobretudo na área urbana de Recife, na Zona da Mata e no sertão. Havia ausência quase total nas áreas pesqueiras. Era como se os pais compartilhassem com o mar o dever de educar os filhos. Por outro lado, a taxa de absenteísmo era alta, já que as crianças eram consideradas livres, inclusive para ir ou não à escola.
"Parecia que, nestas áreas, o horizonte marítimo, as lendas sobre a liberdade individual, de que a cultura se acha 'ensopada', o confronto dos pescadores em suas precárias jangadas com a força do mar, empreitada para homens livres e altaneiros, as fantasias que dão cor às estórias fantásticas dos pescadores, tudo isso teria que ver com um gosto de liberdade que se opunha ao uso sobretudo do castigos violentos."
Freire chama os pais para apresentar a pesquisa e o depoimento de um deles coloca em cheque todo o discurso sobre educação que havia preparado. O homem, de quem não se lembra o nome (aliás, este ponto é curioso. Freire não guarda nomes das pessoas que o influenciaram, de certa forma), o faz ver que apesar de boas intenções, seu processo não condizia com sua teoria. Primeiro, pergunta se o professor tinha ideia de como era a casa dos habitantes da região e em que condições viviam, sem espaço, sem recursos, sem possibilidade de sonhar. Depois, descreve com perfeição, mesmo sem nunca ter visitado, a casa de Freire. Ou seja, a desigualdade era gritante. E o educador não considerava, até então, este contexto para o ensino que propunha.
"O senhor chega em casa cansado. A cabeça até que pode doer no trabalho que o senhor faz. Pensar, escrever, ler, falar esses tipos de fala que o senhor fez agora. Isso tudo cansa também. Mas - continuou - uma coisa é chegar em casa, mesmo cansado, e encontrar as crianças tomadas banho, vestidinhas, limpas, bem comidas, sem fome, e a outra é encontrar os meninos sujos, com fome, gritando, fazendo barulho. E a gente tendo que acordar às quatro da manhã do outro dia pra começar tudo de novo, na dor, na tristeza, na falta de esperança. Se a gente bate nos filhos e até sai dos limites não é porque a gente não ame eles não. É porque a dureza da vida não deixa muito pra escolher."
Obviamente que nada justifica o espancamento que as crianças recebiam. Fez, porém, que Paulo Freire se afundasse na cadeira, envergonhado do seu próprio discurso e comportamento, sendo o estopim para a mudança de atitude. Mais do que se fazer entender, é preciso entender o que o outro está dizendo.
"Foi o ponto culminante no aprendizado há muito iniciado - o de que o educador ou educadora progressista, ainda quando, às vezes, tenha de falar ao povo, de ir transformando o ao em com o povo. E isso implica o respeito ao 'saber de experiência feito' de que sempre falo, somente a partir do qual é possível superá-lo."
O que ele quer dizer é que o educador não sabe tudo. Assim como não podemos dizer que os alunos são espaços vazios a serem preenchidos. Eles têm histórias e podem, e devem, transmitir conhecimento.
"Carregamos conosco a memória de muitas tramas, o corpo molhado de nossa história, de nossa cultura; as memórias, às vezes difusa, às vezes nítida, clara, de ruas da infância, da adolescência; a lembrança de algo distante que, de repente, se destaca límpido diante de nós, em nós, um gesto tímido, a mão que se apertou, o sorriso que se perdeu num tempo de incompreensões, uma frase, uma pura frase possivelmente já olvidada por quem a disse. Uma palavra por tanto tempo ensaiada e jamais dita, afogada sempre na inibição, no medo de ser recusado que, implica a falta de confiança em nós mesmos, significa também a negação do risco."
A educação progressista permite a abordagem de conflitos sociais por meio de análises críticas do contexto histórico e social de todos os que estão envolvidos na discussão. Ela contribui para enfraquecer os opressores à medida em que os oprimidos ganham confiança ao compartilhar suas histórias e crenças.
"A imaginação e a conjectura em torno do mundo diferente do da opressão são tão necessárias aos sujeitos históricos e transformadores da realidade para sua práxis quanto necessariamente fazem parte do trabalho humano que o operário tenha antes na cabeça o desenho, a 'conjectura' do que vai fazer. Aí está uma das tarefas da Pedagogia da esperança - a de possibilitar nas classes populares o desenvolvimento de sua linguagem, jamais o bla-bla-blá autoritário e sectário dos 'educadores', de sua linguagem, que, emergindo da e voltando-se sobre sua realidade, perfile as conjecturas, os desenhos, as antecipações do mundo novo. Está aqui uma das questões centrais da educação popular - a da linguagem como caminho de invenção popular - a da linguagem como caminho de invenção da cidadania."
"No fundo, o que eu quero dizer é que o educando se torna realmente educando quando e na medida em que conhece, ou vai conhecendo os conteúdos, os objetos cognoscíveis, e não na medida em que o educador vai depositando nele a descrição dos objetos, ou dos conteúdos."
"Fazendo-se e refazendo-se no processo de fazer a história, como sujeitos e objetos, mulheres e homens, virando seres da inserção no mundo e não da pura adaptação ao mundo, terminaram por ter no sonho também um motor da história. Não há mudança sem sonho, como não há sonho sem esperança."
Outro ponto interessante é a preocupação do autor com a linguagem. Já no início da década de 90, ele mostrava a importância de superarmos o discurso autoritário e machista. Porém, com o reforço de que nada adianta o discurso democrático com práticas coloniais. Muito desta ansiedade veio por meio de alertas de suas leitoras, incomodadas com o uso do masculino em praticamente toda a sua Pedagogia do oprimido. Por exemplo, o uso de "os homens fazem isso e aquilo" ao se referir à humanidade. Por que não as mulheres?, questionavam.
"A recusa à ideologia machista, que implica necessariamente a recriação da linguagem, faz parte do sonho possível em favor da mudança do mundo. Por isso mesmo, ao escrever ou falar uma linguagem não mais colonial, eu o faço não para agradar a mulheres ou desagradar a homens, mas para ser coerente com minha opção por aquele mundo menos malvado de que falei antes."
"Não é puro idealismo, acrescente-se, não esperar que o mundo mude radicalmente para que se vá mudando a linguagem. Mudar a linguagem faz parte do processo de mudar o mundo. A relação linguagem-pensamento-mundo é uma relação dialética, processual, contraditória. É claro que a superação do discurso machista, como a superação de qualquer discurso autoritário, exige ou nos coloca a necessidade de, concomitantemente com o novo discurso, democrático, antidiscriminatório, nos engajarmos em práticas também democráticas."
Ele fala de linguagem neutra, mas não de educação neutra. Sobre este aspecto é bem taxativo. A educação é sempre diretiva. Não existe discurso neutro. Não importa se autoritária ou democrática. O importante, é deixar claro a sua posição sem, contudo, interferir na capacidade criadora das alunas e dos alunos. Ou seja, o professor tem uma opinião, tem uma lado. Mas o aluno pode ter outro. O respeito sempre pela vivência e pelas opiniões tem que predominar na sala de aula, mesmo que extremamente contrárias.
"O que sobretudo me move a ser ético é saber que, sendo a educação, por sua própria natureza, diretiva e política, eu devo, sem jamais negar meu sonho ou minha utopia aos educandos, respeitá-los. Defender com seriedade, rigorosamente, mas também apaixonadamente, uma tese, uma posição, uma preferência, estimulando e respeitando, ao mesmo tempo, o direito ao discurso contrário, é a melhor forma de ensinar, de uma lado, o direito de termos o dever de "brigar"por nossas ideias, por nossos sonhos e não apenas de aprender a sintaxe do verbo haver, de outro, o respeito mútuo."
"Minha questão não é negar a politicidade e a diretividade da educação, tarefa de resto impossível de ser convertida em ato, mas, assumindo-as, viver plenamente a coerência entre minha opção democrática e a minha prática educativa, igualmente democrática. Meu dever ético, enquanto um dos sujeitos de uma prática impossivelmente neutra - a educativa -, é exprimir o meu respeito às diferenças de ideias e de posições. Meu respeito até mesmo às posições antagônicas às minhas, que combato com seriedade e paixão."
Resumindo, quando fala sobre educação transformadora, Paulo Freire quer dizer algo que vai além, por exemplo, de aulas expositivas em que o professor fala e fala, apenas transferindo seu conhecimento aos alunos. Algo que foge do que ele chama de cantigas de ninar, as aulas que 'domesticam' e fazem com que o aluno seja embalado. Aliás, seu objetivo é tirar o foco do educador em sala. O saber vem da experiência e quanto mais compartilhada ela for, melhor será para todos.
"Se o pensamento do educador ou da educadora anula, esmaga, dificulta o desenvolvimento do pensamento dos educandos, então o pensar do educador, autoritário, tende a gerar nos educandos sobre quem incide um pensar tímido, inautêntico ou, às vezes, puramente rebelde."
Dele, só discordo quando diz que os outros animais (os não humanos) não são capazes de transformar a vida em existência, diferentemente de nós. Nós não olhamos com os olhos dos animais, não sentimos como eles sentem. O máximo que podemos fazer é falar por eles, ainda que não tenhamos exatamente as mesmas experiências pelas quais eles passam. Mas bell hooks, que se inspirou em Paulo Freire, endossa a importância da educação e também de como podemos aprender a partir do que não vivenciamos. Sua paixão é a troca de experiências. Os alunos podem também adquirir conhecimento a partir do que não viveram. Por isso, em suas aulas, incentiva as pessoas a falarem sobre suas vidas, percepções, de modo a criar um espaço de livre expressão. E assim iniciar a mudança que entendemos ser necessária.
"Se formos todos emocionalmente fechados, como poderá haver entusiasmo pelas ideias? Quando levamos paixão à sala de aula, nossas paixões coletivas se juntam e frequentemente acontece uma reação emocional, que pode ser muito forte." hooks (2017:207)
Trechos
"Me sinto levado a repetir, enfatizando minha posição que a prática democrática em coerência com o meu discurso democrático, que fala de minha opção democrática, não me obriga ao silêncio em torno de meus sonhos nem tampouco a crítica necessária ao que Amílcar Cabral chama de 'negatividades da cultura' me torna um 'invasor elitista' da cultura popular. A crítica e o esforço para superar essas 'negatividades' não são apenas indicáveis mas indispensáveis. No fundo, isso tem que ver com a passagem do conhecimento ao nível do 'saber de experiência feito', do senso comum, para o conhecimento resultante de procedimentos mais rigorosos de aproximação aos objetos cognoscíveis. E fazer essa superação é um direito que as classes populares têm."
"O que não podemos como seres imaginativos e curiosos, é parar de aprender e de buscar, de pesquisar a razão de ser das coisas. Não podemos existir sem nos interrogar sobre o amanhã, sobre o que virá, a favor de que, contra que, a favor de quem, contra quem virá; sem nos interrogar em torno de como fazer concreto o 'inédito viável' demandando de nós a luta por ele."
"O papel do educador ou da educadora progressista, que não pode nem deve se omitir, ao propor sua "leitura do mundo", é salientar que há outras 'leituras de mundo', diferentes da sua e às vezes antagônicas a ela."
"Um acontecimento, um fato, um gesto de amor ou de ódio, um poema, um livro se acham sempre envolvidos em densas tramas, tocados por múltiplas razões de ser de que algumas estão mais próximas do ocorrido ou do criado, de que algumas são mais viáveis enquanto razão de ser."
"Uma das tarefas da educação popular progressista, ontem como hoje, é procurar, por meio da compreensão crítica de como se dão os conflitos sociais, ajudar o processo no qual a fraqueza dos oprimidos se vai tornando força capaz de transformar a força dos opressores em fraqueza. Esta é uma esperança que nos move."
"O que eu defendo e sugiro é a ruptura radical com o colonialismo e a recusa igualmente radical ao neocolonialismo. A superação da burocracia colonial, como cheguei a sugerir aos governos de Angola, de Bisau, de São Tomé e Príncipe; a superação da burocracia colonial, a formulação de uma política cultural que levasse a sério a questão das línguas nacionais, chamadas pelos colonizadores pejorativamente dialetos."
"É a defesa veemente de posições humanistas que jamais resvalam em pieguismos. É a compreensão da história em cujas tramas o livro procura entender o de que fala, é a recusa a posições dogmáticas sectárias, é o gosto da luta permanente, gerando esperança, sem a qual a luta fenece. É a oposição já nele embutida contra os neoliberalismos que temem o sonho, não o impossível, pois que esse não deve sequer ser sonhado, mas o sonho que se faz possível, em nome das adaptações fáceis às ruindades do mundo capitalista."
"A classe dominante, enterrando milhares de frangos, preferia perder naquele momento para voltar a ganhar amanhã, sem riscos. Isto é luta de classes."
"A Universidade tem de girar em torno de duas preocupações fundamentais, de que se derivam outras e que têm que ver com o ciclo do conhecimento. Este, por sua vez, tem apenas dois momentos que se relacionam permanentemente: um é o momento em que conhecemos o conhecimento existente, produzido; o outro, o em que produzimos o novo conhecimento. Ainda que insista na impossibilidade de separarmos mecanicamente um momento do outro, ainda que enfatize que são momentos de um mesmo ciclo, me parece importante salientar que o momento em que conhecemos o conhecimento existente é preponderantemente o da docência, o de ensinar e aprender conteúdos, e o outro, o da produção do novo conhecimento, é preponderantemente o da pesquisa. Na verdade, porém, toda docência implica pesquisa e toda pesquisa implica docência."