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domingo, 26 de dezembro de 2021

sete dias juntos


"Queria um pouco de normalidade à sua volta, 
qualquer coisa para amortecer a sensação de queda livre."


Dando sequência às leituras natalinas, me deparei com este livro contagiante: "Sete dias juntos", da jornalista e escritora britânica Francesca Hornar. Você não consegue largá-lo até ver o desfecho, sem contar que rende boas risadas com as situações apresentadas, embora tenha momentos tensos. Aliás, poderia facilmente render uns seis episódios de uma série na Netfilx. Após vários anos, a família inglesa Birch conseguirá reunir todos os membros para as festas de fim de ano. Isso porque a filha desgarrada, Olivia, está voltando após um período na Libéria, onde trabalha como voluntária médica. Acontece que o país vive uma epidemia e todos que retornam de lá precisam se isolar por sete dias. Pretexto ideal para Emma, a mãe, organizar uma quarenta em família na mansão que herdou no interior inglês. Porém, a euforia com os preparativos é só dela. O pai, Andrew, está indiferente e ausente. A filha mais nova, Phoebe, só está preocupada com o pedido de casamento que, finalmente, foi feito pelo eterno namorado. Sua preocupação é definir o local da festa e manter suas redes sociais atualizadas. Enquanto isso, Olívia está totalmente catatônica. Suas poucas falas são para menosprezar os exageros da mãe com comida, a futilidade da irmã e a distância do pai, conhecido crítico gastronômico. Ela tem pesadelos com o que passou no continente africano e não aceita a desigualdade que agora percebe. Neste meio tempo, surge outro personagem, Jesse, norte-americano boa pinta que, com a desculpa de fazer um documentário, também vai acabar no casarão. E todos, inclusive o noivo da caçula, tem seus segredos, que aos poucos vamos descobrindo, mesmo antes de virem à tona na trama. O livro é dividido em capítulos que alternam o ponto de vida de cada personagem. Leitura rápida, com trechos dolorosos, mas com um final que combina com o fim de ano.

sábado, 18 de dezembro de 2021

o natal de poirot


"Acredito que o presente importa, não o passado! O passado deve terminar. Acredito que, se buscamos manter o passado vivo, terminamos por distorcê-lo. Nós o vemos em termos exagerados, com uma falsa perspectiva."

Agatha Christie foi a autora que mais li na minha adolescência. Eu devorava seus livros. Naquela época sempre pronunciava o nome do detetive belga de acordo com a grafia para o português: PO I RO T. Confesso que mesmo agora, quando sei que é “poarrô”, continuo lendo como antes.

Porque é a cara dele. Acho que combino mais e pronto. Sem delongas.

Ainda não tinha lido “O Natal de Poirot” e escolhi esse romance para abrir minha maratona natalina. Foi uma ótima escolha, embora eu tenha matado (sem trocadilhos) o assassino logo no começo. Para mim, estava na cara.

Véspera de Natal, Simeon Lee, milionário que nunca foi próximo da família, resolve reunir todos os filhos e agregados para que possam passar as festas juntos. O estranhamento é imediato, inclusive do único filho que mora com ele, e do qual também não é lá muito chegado. Resultado, logo estão em sua mansão, além de Alfred e sua esposa que já moram lá, o melancólico David com a cônjuge, o aventureiro Harry, que há anos não dava suas caras, e o político George, também acompanhado. Surgem ainda para as comemorações a neta Pilar, filha da filha do magnata, que fugiu com um espanhol e morreu há anos, e Stephen, que se diz filho de um amigo de Lee da época em que fez fortuna na África. Obviamente, todos têm seus motivos para odiar o anfitrião. Até que, após um grito estridente, ele é encontrado morto em seu quarto, no meio de um rio de sangue. Tanto que uma das personagens recorre à frase de Macbeth, de Shakespeare, para traduzir a cena que vê: “Mas quem pensaria que o velho tinha tanto sangue em si?” Ainda temos na casa o mordomo (claarooo), um valete e dois detetives. O nosso Hercule Poirot está de férias e acaba sendo chamado para resolver o caso. E resolve. Mas, como disse antes, infelizmente, não consegui duvidar de ninguém, mesmo com todas as supostas provas. Talvez tenham sido os anos de leitura de Agatha. Talvez as lições anteriores de Poirot. Só sei que a resposta estava ali. Bem ali. Desde o começo. Leiam e me digam.

sábado, 4 de dezembro de 2021

a irmã desaparecida



"E daí se vocês quiserem passar uma noite, uma semana, um mês ou talvez uma vida inteira juntos? Esses momentos, quando você conhece alguém que está tão atraído por você quanto você por ele, são muito raros."

E cheguei ao sétimo livro da saga “As sete irmãs”, de Lucinda Riley. Infelizmente, pouco depois de sua morte. A autora deixou ainda rascunhos e ideias para o que seria o oitavo sobre as irmãs D’Aplièses, cuja história é baseada nas Plêiades da mitologia grega, as sete filhas de Atlas e Pleione, a filha do Oceano. Uma surpresa, já que todos esperavam que “A irmã desaparecida” fosse o último da série.
A cada volume, conhecemos uma das irmãs, ao mesmo tempo em que visitamos diversos países, que revelam suas origens. Vale recordar que todas foram adotadas por um milionário que mora na Suíça, o Pa Salt. Quando ele morre, deixa pistas para que elas encontrem suas famílias biológicas. Dele, pouco sabemos. É um mistério que ronda, inclusive, suas filhas.

Com elas, já estivemos no Brasil, Noruega, Inglaterra, Austrália, Escócia, Espanha, Estados Unidos e Quênia. Sempre com a mesma estrutura narrativa. Do presente para conhecer o passado de seus ancestrais. A leitura é rápida e envolvente e nos dá uma ideia bem detalhada de como as pessoas viviam nas épocas retratadas. Foi bem interessante, por exemplo, ler sobre como o Cristo Redentor chegou ao Rio de Janeiro no livro que fala sobre Maia. Neste que acabei de ler, o cenário é, principalmente, a Irlanda, país natal de Lucinda. Vou roubar um trecho do seu site que descreve muito bem o contexto abordado:

“Em A irmã desaparecida, concentrei-me na Guerra da Independência e na subsequente Guerra Civil da década de 1920. Os confrontos mais recentes foram o que nós irlandeses chamamos de “os Conflitos” – um atrito que durou trinta anos na Irlanda do Norte, da década de 1960 ao final da década de 1990. Foi uma campanha terrorista continua, travada pelos republicanos e provocada pela crescente frustração sentida pela comunidade católica da Irlanda do Norte. Na batalha dos republicanos contra o Estado, 3.500 pessoas foram mortas e mais alguns milhares foram presos.”

O enredo é a busca pela tal irmã desaparecida, a que nunca foi levada para casa. A partir de alguns documentos encontrados pelo advogado da família, as seis mulheres seguem os rastros que podem levá-las até Mérope, a sétima irmã. A jornada começa na Nova Zelândia, país em que supostamente ela vive. Passa pelo Canadá, Inglaterra e França e, finalmente, Irlanda da década de 20 com a história de Nuala, que sempre lutou pela independência de seu País. Devo confessar que a tal irmã desaparecida me decepcionou um pouco. Gostei muito mais da história de sua avó e achei que o desenrolar de sua vida foi bem fraco. Sem contar a decepção ao ver que não era o desfecho esperado. Digo decepção com euforia, pois sei que vem mais por aí. Espero que o trabalho do filho de Lucinda, Harry Whittaker, responsável por organizar as notas da sua mãe faça jus ao final que a saga merece. RIP, LR.


As sete irmãs (Brasil)

A irmã tempestade (Noruega)

A irmã da sombra (Inglaterra)

A irmã da pérola (Austrália)

A irmã lua (Espanha)

A irmã sol (Quênia)