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sábado, 10 de outubro de 2020

o perfume da folha de chá




"Só Deus sabe como, 
mas a vida precisa seguir em frente."

Está aí um livro que mexeu comigo. E que mostra o quanto somos dependentes da aprovação alheia. É exatamente o que acontece com a protagonista de “O perfume da folha de chá”, de Dinah Jefferies, romance ambientado na década de 1920. Só que ela foi longe demais. Gwendolyn, de apenas 19 anos, saiu da Inglaterra para encontrar seu marido, Laurence, no Ceilão, atualmente o Sri Lanka, que foi invadido e colonizado pelos ingleses.

Apesar de terem tido momentos felizes quando se casaram na Europa, ao chegar na Ásia ela sente a hostilidade de todos, inclusive dele. O calor também não ajuda. Aliás, a narrativa foca muito nisso. Apesar de o local ser maravilhoso, é extremamente sufocante. Este também é o melhor adjetivo para descrever a vida que aguarda Gwen.

Laurence é dono de uma próspera fazenda de chá e grande influenciador na região. Porém, há algo sombrio que ronda o casarão em que a garota vai parar. Temos uma prévia do que se trata nas primeiras páginas do livro, que começa com uma mulher arrumando as roupas de um bebê.

As péssimas condições de trabalho, pobreza extrema dos habitantes e a imposição dos colonizadores causam estranheza e certa revolta. Aos poucos, ela vai expondo seus sentimentos e aqui e ali mudando algumas coisas. Contudo, prevalece sua posição de branca dominante. E para não ter sua imagem manchada, ela tomará uma decisão de cortar o coração, principalmente quando vemos o desfecho da história. O dilema começa logo após o parto. Claro que não podemos desconsiderar a época em que vivia, a submissão que se esperava das mulheres e a preocupação que teve com o futuro de outras pessoas envolvidas. Mas ainda assim foi torturante.