Tanta insegurança tem um motivo. Pricila, assim como muitas moças afoitas por um par, vinha de várias buscas e iniciativas frutadas.
Ela queria casar. Não economizava nas promessas e simpatias. Santo Antônio já deveria estar abdicando da criança que lhe foi tirada, tamanha era a pressão.
Na verdade, ela era divorciada. Casou nova. Tinha apenas 20 anos. Mas o rigor militar não combinou com seu jeito espontâneo, extrovertido e falante. Aliás, muito falante. Resolveu abandonar a farda, ou melhor, o marido que era das forças armadas, e partir para a carreira solo. Depois de um tempo curtindo a vida de recém solteira, estava no mercado novamente. Com o passar do tempo e nada acontecendo, o desespero começou a rondá-la.
Jornalista de formação e profissional de relacionamento por vocação e experiência, Pricila cuida do intercâmbio de informações entre os associados da empresa em que atua. Lá todos a conhecem. Por onde passa, despeja sorrisos e conversas.
Mas o cara perfeito, ou mesmo que um pouco imperfeito, não aparecia. Estava, como costumam dizer por aí, a perigo. Pedia ajuda a todos. Aos amigos. Aos amigos dos amigos. E nada. Vendo sua situação, uma amiga sugeriu que ela entrasse num site de relacionamento.
- Eu não acredito nestas coisas. Isto não dá certo.
- Neste você pode confiar. É ótimo.
- E você está nele?
- Não.
- Viu? Nem você confia!
- Mas é que não tenho tempo nem paciência para preencher o cadastro de afinidade.
E o papo morreu. Até que chegou outro sábado à noite. Os solitários de coração costumam dizer que é aí que mora todo o desamparo. “Estava completamente desesperada! Resolvi tentar o site. Afinal tinha tempo de sobra para preencher o tal questionário, que realmente era muito extenso e detalhado.”
Quando terminou de inserir seus dados, logo começaram a chegar respostas dos possíveis pretendentes. Mas ainda havia outro passo: pagar. “Ah, eu não queria pagar, mas ao mesmo tempo fiquei super curiosa para ler o que estava chegando. Sem pagar eu não conseguia entrar nos perfis.”
Sem cartão de crédito, pediu ajuda à irmã. Explicou toda a história e deu prosseguimento àquela que seria sua história de amor.
“Na verdade, quem paga o cartão da minha irmã é minha mãe. Quando ela viu o valor, foi logo perguntando do que se tratava. Minha irmã simplesmente disse que eu havia comprado uma bolsa”, diz Pricila rindo e comentando que ainda deve este valor à matriarca.
Vieram várias propostas. Chegou até a sair com um publicitário. “Todos os contatos foram muito sérios”, faz questão de enfatizar. Mas nada vingou. Até que surgiu Armandinho.
Chegou testando sua inteligência. O e-mail que ele mandou precisava de alguns passos antes que pudesse ser aberto. “Esse Armandinho...”, suspira.
Proativa e sem querer perder tempo, Pricila, entre um e-mail e mensagem no MSN, foi logo dando o telefone da sua casa. “Ele ficou desconfiado. Achou que eu era muito precipitada. Mas eu não podia ficar ali só teclando e teclando.”
Poucos dias depois foi ganhando a confiança do moço, que lhe deu o telefone da casa e do trabalho. Numa tarde, mais uma vez a proatividade ganhou. Pegou o telefone e perguntou o que ele iria fazer no fim da tarde.
- Nada.
- Então vamos tomar um café?
Combinado. E lá foram eles para o primeiro encontro, que foi sucedido por um almoço, por um jantar e, quatro meses depois, por um apartamento compartilhado. “Ele vive dizendo que me pegou numa liquidação”, conta, lembrando o valor pago para entrar no site de relacionamento.
“Agora só falta o pedido oficial de casamento. Com anel e tudo mais”, fala com os olhos brilhando e abraçando os dois banners enrolados que vão para Fortaleza com ela.
Moças, o negócio é pechinchar!
Romero Brito |
Katia esse texto foi um presente para mim....essa historia e meu sonho realizado. Um grande beijo
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