“Quando as pessoas saem para
marchar, eu nunca mais as vejo.”
Contudo, essa inocência não o impede de sentir que está diante de algo muito ruim. Num belo dia, Bruno chega em sua casa, em Berlim, e vê que estão arrumando as malas. Contrariado, tenta conversar com a mãe sobre os motivos pelos quais não podem se mudar. Dentre eles, os seus três melhores amigos. Sem chance. Sem choro. A família parte para um lugar sombrio e estranho, que logo de cara choca o pequeno. Principalmente, quando vê adultos e crianças de pijama em um campo que dá de frente para seu quarto. Ou quando observa a fumaça preta que sai de uma grande chaminé ao longe.
“Bruno pôs o rosto junto ao vidro e olhou o que estava do lado de fora, e desta vez, quando seus olhos se arregalaram e a boca fez o formato de um O, as mãos ficaram bem juntas ao corpo, porque havia algo que o fez se sentir muito inseguro e com frio.”
Desapontado e sem ter muito o que fazer, parte para suas explorações. É quando encontra outro garotinho do outro lado de uma cerca, Shmuel. Surge uma linda amizade e ele passa a ver sentido no novo lar. São emocionantes os diálogos entre eles e realmente conseguimos ouvir as vozes de crianças. E um pensar sem maldade, algo bem distante do que de fato acontecia por ali. Perturbador e poético.
“Você fez alguma coisa ruim no trabalho? Eu sei que todos dizem que você é um homem importante e que o Fúria tem em mente grandes coisas reservadas a você, mas não acho que ele o enviaria para um lugar como este se você não tivesse feito alguma coisa pela qual ele quisesse castigá-lo.”
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