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quinta-feira, 28 de junho de 2018

as brumas de avalon - a senhora da magia




"Sempre soube que tive outras vidas, pois parece-me que a vida é algo demasiado grande para ser vivido apenas uma vez e ser logo apagado como uma lâmpada, quando o vento sopra."

Toda vez que menciono que estou a ler "As Brumas de Avalon", ouço que é um livro fantástico, maravilhoso. A edição que tenho traz a história em quatro tomos. Levei meses para concluir a leitura do primeiro, o que significa que, para mim, a obra ainda não decolou. Para ser honesta, dei uma (leve) empolgada nos últimos capítulos, quando Artur foi coroado. 

Marion Zimmer Bradley nos conta a lenda do Rei Artur sob o ponto de vista das mulheres que o rodeava, isso inclui sua meia irmã, Morgana; sua mãe, Igraine; a tia e Senhora de Avalon, Viviane; dentre outras. Começamos com Igraine que muito nova foi tirada de Avalon, terra pagã, para se casar com um cristão, o Duque Gorlois da Cornualha. Com ele teve uma filha, Morgana. Sua vida é basicamente obedecer ao marido. A submissão a torna infeliz. Sua única válvula de escape é a filha. Até o dia em que encontra Uther Pendragon, e por ele se apaixona. Mas trata-se de um amor de outras épocas e outras vidas. Por ser de Avalon, ela tem certos poderes, como a visão. Consegue viajar pelo tempo e enxergar o que outros não veem.

A Bretanha está em guerra e são muitos os que querem dominá-la. De alguma forma, as mulheres que estão à frente de Avalon são as estrategistas dos conflitos, junto com Merlin, uma espécie de mago conselheiro. E uma das grandes estratégias é justamente preparar o grande rei que deverá assumir o trono. Tudo é meticulosamente planejado sem levar em conta sentimentos ou desejos dos envolvidos. 

Morgana tem grande destaque e é ela quem nos fala entre um capítulo e outro. Após a morte de seu pai, é enviada para Avalon para ser criada como uma sacerdotista. Acompanhamos todos os seus anseios, crenças e momentos de dúvida por conta das consequências que suas escolhas trouxeram.

Embora a proposta seja enaltecer o papel feminino, percebemos que ele ainda é muito restrito aos rituais pagãos e que as mulheres ficam sempre nos bastidores. No fim das contas o prestígio é sempre dos homens. Para eles, se dedicam, trabalham e sofrem. Mas na hora do vamos ver, são eles que são coroados e reverenciados. 

Vou continuar a leitura dos demais volumes até para ver o desfecho. Também pretendo ler livros que trazem outras versões dessa lenda, até para entender melhor algumas passagens, sobretudo no que diz respeito às batalhas que são travadas.

Embora o livro não tenha caído totalmente no meu gosto pessoal, tenho que reconhecer que o assunto e abordagem são extremamente interessantes. Ele é rico em detalhes e nos mostra muito sobre os rituais pagãos, ofuscados pelo cristianismo a partir da idade média. É um universo rígido, cheio de regras, mas bonito e livre de preconceitos. Mas o que mais me agradou no livro foi a neblina, as brumas que garantem o esconderijo de Avalon. Quero muito entrar nessa terra :-)

Espero que, a partir de agora, a leitura seja mais fluída.

Trechos

"Os cristãos procuraram acabar com toda a sabedoria que não fosse a sua, e na luta para conseguir isso, estão banindo do mundo todas as formas de mistério, exceto as que harmonizam com a sua fé religiosa. Consideraram heresia pensar que os homens têm mais de uma vida, o que qualquer camponês sabe ser verdade."

"Você foi injusto, e faz bem em pedir meu perdão, que só terá quando os infernos subirem, e a Terra baixar sob o oceano ocidental."

"O destino da mulher era ficar sentada em casa, no castelo ou na cabana - havia sido assim desde a chegada dos romanos."

"Com os animais, sempre se sabe exatamente o que pensam, ois não podem mentir, fingir ser aquilo que não são.

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