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domingo, 9 de fevereiro de 2025

o vento que sussura


"É nas lendas e fábulas que mantemos vivos nossos ancestrais, nossa cultura e nossa história. Transformamos memórias em histórias e, se não fizermos isso, nós as perdemos. Se as histórias desaparecerem, as pessoas desaparecem também."

Viagem no tempo e um provável ciclo sem fim. Assim podemos definir este romance, que me lembrou muito a série Outlander. Não cheguei a ler os livros, mas vi a versão para a TV. Aliás, excelente.

Em, O vento que sussurra, de Amy Harmon, temos como protagonista a renomada escritora Anne Gallagher, que mora em Nova York. Ela perdeu os pais ainda criança e foi criada pelo avô, imigrante irlandês que sempre lhe contou muitas histórias sobre sua terra natal. Eles viajaram juntos por vários países, e ele sempre incentivou o interesse da neta por história. Mas nunca, por decisão dele, voltaram às origens. Tanto que Anne se torna famosa por escrever romances históricos, embora nunca tenha ambientado nenhum deles naquele país que só conhecia pelos relatos do avô.

Após a morte dele, Anne fica completamente arrasada e decide levar suas cinzas para o local onde ele nasceu. Antes de morrer, ele diz que em breve eles irão se reencontrar. E também afirma que ela terá uma linda história de amor para escrever. Talvez a mais bela de todas.

Então, ela viaja sozinha para o interior do país. Lá chegando, entra em um barco para jogar as cinzas em um lago. Nesse momento, uma neblina densa aparece e ela é atacada. Quando acorda, percebe que foi, de algum modo, transportada para o ano de 1921, às vésperas da guerra pela independência. É resgatada pelo médico Thomas Smith, que também cuida de um garotinho de seis anos. Anne é confundida com a mãe da criança, desaparecida anos antes. O pai do menino foi morto em uma rebelião, e acredita-se que a mãe tenha tido o mesmo destino.

Enquanto a trama se desenrola e vamos descobrindo a relação da protagonista com esses novos, ou talvez antigos, personagens, o romance nos conduz por cenários históricos marcados por tensão política. Entre os personagens reais citados, destaca-se Michael Collins, uma das figuras centrais no processo de independência da Irlanda. A leitura é envolvente, com toques de mistério. Nada muito profundo, mas com delicadeza suficiente para nos fazer pensar que há forças que nos guiam, atravessam o tempo e nos conectam a histórias que talvez já tenham começado antes mesmo de sabermos.

"Sempre me perguntei, absorta em pilhas de pesquisas, se a mágica da história se perderia se pudéssemos voltar e vivê-la. Será que envernizávamos o passado e fazíamos de homens comuns heróis e imaginávamos beleza e valor onde havia apenas tristeza e desespero?"

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