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sábado, 18 de janeiro de 2025

chocolate quente às quintas-feiras


"No momento em que se concretiza, o sonho deixa de ser sonho e se torna realidade. Adoro sonhar. Por isso, preciso partir para o próximo sonho!"

Mais um livro na linha de Antes que o café esfrie, estilo literário que vem sendo designado como literatura de cura. Simplificando, é aquela leitura que deixa um quentinho no coração. A narrativa é simples, sempre trazendo dilemas, culpas ou medos.

Em Chocolate quente às quintas-feiras, da autora japonesa Michiko Aoyama, temos doze contos curtos que se entrelaçam por meio dos personagens, que ora são protagonistas, ora coadjuvantes. Entre eles está o da mãe executiva, que delegou todos os cuidados com o filho ao marido e não sabe exatamente quem é a professora da criança nem quais são as atividades que ele realiza, detalhes geralmente atribuídos às mães. É interessante notar como ninguém critica o pai por não saber dessas coisas, enquanto a mãe sempre carrega julgamentos e muita, muita culpa. A situação se agrava quando o marido, antes totalmente dedicado ao lar, decide, literalmente, vender sua arte. Para isso, precisará viajar, deixando a esposa sozinha com o trabalho, as obrigações domésticas e os cuidados com o filho. Ela se vê completamente perdida, especialmente ao precisar fazer uma omelete. E eis que acompanhamos, justamente da imperfeição, surgir a poesia sob o olhar do garoto.

Na sequência, conhecemos a professora mencionada anteriormente, que enfrenta dúvidas sobre permanecer ou não na escola, especialmente devido a eventos que a desafiaram e às broncas recebidas de uma profissional mais velha. É justamente essa professora que protagonizará o próximo conto, durante o encontro com uma amiga que já foi próxima, mas que o tempo acabou afastando. E assim, sucessivamente, vamos conhecendo os personagens até chegarmos à Austrália. As histórias transitam entre Tóquio e Sydney.

O título se refere ao cenário central: o Café Marble, pequeno e aconchegante estabelecimento escondido em Tóquio. É lá que, todas as quintas-feiras, uma jovem entra, senta-se sempre no mesmo lugar e pede sempre a mesma coisa: chocolate quente. E é por ela que o atendente do estabelecimento se apaixona. Mal sabe o rapaz que ele é justamente o motivo que a leva a retornar semanalmente e pedir sempre a mesma bebida.

Não é nada muito profundo, mas cumpre o propósito de entreter e deixar certa inquietação sobre nossas próprias questões, ressaltando como pequenos encontros podem ser o ponto de partida para grandes reflexões e mudanças. Li durante uma semana de férias, entre uma ida e outra à praia. E foi perfeito.

"Basta estar em um lugar de que a gente gosta para recuperar o ânimo. Alguém me ensinou isso."

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