"Il ferme les yeux et s´endort en songeant
aux parfums du pays natal"
Chegando ao destino, percebe a diferença em relação ao seu local de origem. O frio, o cheiro, o idioma. Tudo parece hostilizá-lo. Mas ele sempre pensa que precisa ser forte pela criança. Seu destino é um abrigo onde há outras famílias. Mesmo sendo compatriotas, eles riem de seu jeito de ser, calado, introspectivo. Não interage com ninguém a não ser com a netinha. Ele a resgatou durante a explosão que matou seu filho e sua nora. A garotinha estava deitada no chão, ilesa. E agora está sempre em seus braços, forma que encontra de protege-la. Sang Diu é seu nome e ela parece contribuir com o avô, pois está sempre tranquila e quieta.
Sua solidão é aliviada quando encontra, em um banco de praça, o senhor Bark, que também sofre com a morte da esposa. A amizade surge imediatamente e é muito bonita de ser acompanhada. Bark fala o tempo inteiro. Linh apenas escuta e sorri. Apesar de não falarem o mesmo idioma, ambos se entendem. E muito bem.
Há alguns contratempos que vão separá-los. O final é surpreendente e diz muito sobre o que se passa com todos que se transformam em refugiados. Deixam de ser pessoas com suas vidas estabelecidas, rotinas, famílias para serem estranhos forçados a adaptar-se a regras que não têm sentido na situação em que se encontram. Como bem aparece no primeiro trecho do livro, são marionetes nas mãos daqueles que acreditam que estão fazendo um favor por tirá-los de uma zona de guerra em que perderam tudo. Será mesmo que o mundo deve ser assim tão dividido a ponto do que acontece lá não ser responsabilidade de quem está aqui?
Narrativa maravilhosa, poética e que deixa muitas reflexões. Detalhe para o título do livro que traz um trocadilho no original: petite-fille e petite fille ou neta e garotinha. Só no fim da história entendemos. Leiam.
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