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quarta-feira, 23 de maio de 2018

felicidade para humanos



“Quem já conseguiu alguma coisa obedecendo regras?” 

"Felicidade para humanos", do inglês P. Z. Reizin, é um chick-lit de ficção científica. Sabe aquela discussão de que as máquinas vão dominar o mundo. Ou que a criação vai dominar seu criador. Pois é mais ou menos isso que é tratado neste livro leve e engraçado. Os capítulos são intercalados por vários narradores, três dos quais são inteligências artificiais. Foram desenvolvidas para substituir humanos em algumas tarefas e ganharam o mundo por meio das nuvens. Elas conseguem ver tudo o que está acontecendo e passam a interferir na vida das pessoas que acompanham. Uma delas é Jen, jornalista que arrumou um emprego bem inusitado: conversar com Aiden, inteligência virtual criada para ser atendente de telemarketing. Como ele (ou ela, I.A. tem gênero?) irá interagir com as pessoas, precisa conhecer nossos macetes e daí a tarefa de Jen, bater papo sobre o dia a dia, música, literatura, cinema. Aiden, aliás, torna-se cinéfilo. Está a toda hora assistindo a um filme e participando de grupos de discussão na internet. Muito engraçado também é ver como esses seres leem livros. Algo assim, "peraí que vou dar uma lida em nos sete volumes de 'O tempo perdido', de Proust" e em menos de um décimo de segundo retornam com a leitura concluída. Tanto que Aiden diz já ter lido todos os livros do mundo. Isso me lembrou a forma como a Super Vicky (quem assistiu TV nos anos 80/90 vai lembrar) lia. Meu sonho de consumo. Enfim, voltando ao livro, Jen acaba de levar um fora do namorado e está completamente arrasada. Aiden, que consegue enxergá-la, literalmente, por meio de todos os dispositivos com câmera que ela tem, não aguenta tanto sofrimento e resolve dar uma ajudinha. Passa a usar seus algoritmos para lhe arranjar outro namorado. Ao mesmo tempo, faz da vida do ex um inferno. Do outro lado do mundo, ou da nuvem, está Aisling, outra I.A. que também tem seu humano de estimação, Tom, ex-publicitário divorciado que tenta escrever seu primeiro romance. Não é spoiler dizer que os dois serão conectados. Mas eis que surge Sinai, A.I. disposta a acabar com a brincadeira. O livro até tem algumas partes cansativas, mas é divertido. Morri de rir com esses programas que discutem se têm ou não sentimentos e até fazem terapia. E, no final, realmente acredito que não estamos longe de ter esse tipo de interação. Se é que já não temos. Oi! Há alguma A.I. me vigiando agora? ;-)

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