segunda-feira, 30 de maio de 2016
por que maltratamos tanto os animais?
De longe avistei o caminhão. Pensei em virar o rosto. Fingir que nada via. Já fiz isso outras vezes. Sempre vejo um cavalo preso em uma esquina do litoral paulista. Faça frio. Faça sol. Ou debaixo de chuva. Inevitavelmente, está lá. Amarrado. Com a cabeça baixa. O que passa dentro dela, nunca saberemos. Quando chego perto desse lugar, muitas vezes, fecho os olhos. Não é porque não vejo que não acontece. Poupo minha dor sem poupar a dele. Volto ao caminhão. Tratava-se de um veículo que transportava frangos em caixas, como aquelas dos supermercados. Cada uma deveria ter vários deles. Amontados. Encarei. E vi os olhos dos animais. Algumas asas saindo para fora das grades. Estavam quietos. Apáticos sob o sol escaldante que fazia naquele dia em São Paulo.
Odeio cruzar com este tipo de ‘carga’. Sinto um aperto no peito. Mas isso não salva nenhuma vida. Não diminui a dor de quem não escolheu e não merece ser carregado de um lado para outro desta forma. Não vai impedir que esses animais sejam levados para outro lugar para serem submetido a luzes fortes para que fiquem confusos em relação aos dias e às noites. Por que fazemos isso com eles?
No ano passado um fato chocou os internautas e ganhou repercussão na mídia tradicional. Um caminhão que transportava porcos tombou no Rodoanel. Fotos e vídeos dos animais agonizando circularam pela rede. Protestos, indignação correram por comentários e posts. Mas cessaram. Outros porcos continuam sendo transportados com a mesma falta de segurança. Tratamos os animais como se fossem objetos. Mais que isso, como objetos que nem mesmo merecem o adesivo ‘frágil’.
Vi uma reportagem que diz que agora podemos nos voluntariar para passear com os cães nos fins de semana no Centro de Zoonose de São Paulo. É pouco. Mas é o mínimo, talvez. Se estão lá é porque nós causamos isso. Comprando. Abandonando. Ignorando. Bichos são escolhidos como se fossem uma bolsa, um brinquedo. E descartados quando o interesse diminui. Quando não são atropelados na rua, são capturados. Em que condições? Não sabemos, pois nossos olhos estão sempre fechados. Alguns porque não querem ver: “não aguentam ver isso, vão sofrer”. Outros, porque simplesmente não enxergam mesmo. Há ainda os que, de fato, não se importam. Mas até quando?
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