“Minuano”, do gaúcho Tabajara Ruas, é um dos melhores livros que já li. Não pelo conteúdo que é discutido no livro, mas pela forma com que é escrito. O protagonista narrador é um cavalo, cujo nome dá título à obra. Ele nasceu no dia em que o vento Minuano, corrente de ar polar, começou a soprar no Rio Grande do Sul. O que explica seu nome. Com apenas dez dias foi mordido por um leão baio, espécie de onça, e ficou seriamente machucado. Cuidaram dele, porém, passou a ser apenas um ‘cavalinho manco’, deixado para os serviços mais leves, ao contrário de seus pais, irmãos e amigos, todos grandes e imponentes. Isso não o incomoda. Segue feliz a brincar, a admirar os outros e por ter abrigo quente. Até que chega o aviso da guerra e todos, exceto ele, são convocados. Homens, mulheres e cavalos. É a Revolução da Farroupilha, que marcou o sul do país entre 1835 e 1845.
Para todos os personagens que não estão do lado do império, a salvação está nas mãos de Bento Gonçalves. E é justamente ele que surge para dar a Minuano a chance de mostrar que é forte. Infelizmente, como sempre nesses casos, não há reconhecimento. Mas deixo as impressões para quem se interessar pela leitura.
O livro é para o público juvenil, tentativa de apresentar o que significou o conflito. Segundo o autor, sua inspiração vem da saga “O Tempo e o Vento”, de Erico Verissimo. O resultado: uma fábula que encanta e comove. Para mim, que sou sempre a favor dos animais, chega a doer. Sinto a angústia do cavalo ao descer as montanhas embaixo da chuva, o desalento ao ver os animais sendo mortos, a tristeza por não poder mais olhar nos olhos da mãe. E tudo isso por causa do charque, como ele mesmo reflete. Deveria ser leitura obrigatória a todos que pensam que os animais estão aqui apenas para nos servir.
"O cheiro da carne queimada daquelas centenas de homens e cavalos mortos ainda me acompanha, ainda surge de repente numa ponta da memória e me faz estremecer. Quando o sol finalmente desceu no horizonte, o corneteiro se colocou em posição de sentido no alto da coxilha, perfil recortado contra o vermelho do céu, e tocou o Silêncio. Desde esse dia, comecei a ter mais medo do homem do que de leão baio."
(escrito de teclado desconfigurado)
ResponderExcluirMerecido o comentario que voce fez sobre o livro, "um dos melhores livros que ja li."
O Jose Saramago comentou uma vez sobre um livro muito bom, porem curto, do Jorge Amado: ''Diz-se que pelo dedo se conhece o gigante. Ai esta, pois, o dedo do gigante, o dedo de Jorge Amado.''
Acho que com Minuano e a mesma coisa. Um livro bem curto, mas bom demais. Como impacta a pessoa com tao poucas paginas.
E que capa!
Livro lindo! Muito obrigada pela dica :-)
ExcluirLivro muito interessante.
ResponderExcluirEle está sendo usado na prova Liberato, que vai ser dia 20/11/2016.
Li 5 vezes e dou 2,5 estrelas para o livro.
Brincadeira. (Hahaha). Dou 10 estrelas se possível.
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