Logo nas primeiras páginas de 'A raposa sombria' somos levados ao rigoroso inverno da terra do gelo, a Islândia. E entramos sem pensar, encantados pela beleza da prosa de Sjón. Eu classificaria a história como um conto. Ele não é linear e chega a beirar o fantástico. Talvez sejam os devaneios do frio. Ou da alma gélida, quem sabe. No início, ou meio, como veremos mais para frente, um caçador está diante de uma raríssima raposa do ártico. Esperta, ela conhece todos os truques para se defender, o que inclui brincar com os sentidos do caçador. Com textos curtos, às vezes uma única frase por página, o islandês nos envolve com sua aurora boreal. A raposa surge como o peso do qual o caçador quer se livrar, seus pensamentos indesejados. Em outro ponto da neve, temos um homem que fecha um caixão, enquanto serve chá para um mensageiro. Não vou dizer mais nada para não estragar a beleza da narrativa, sobretudo quando surge a conexão entre essas duas partes. O autor, Sjón, escreveu com Björk e Lars von Trier a trilha de 'Dançando no Escuro', filme que faturou o Oscar de melhor canção em 2001. Aliás, recomendo a leitura com essa trilha tocando. E se puderem ler num dia bem frio, como eu fiz, melhor ainda. Está garantida uma leitura que mexerá muito com você.
Aurora boreal na Islândia |
Deu uma enorme vontade de ler, apesar do calor tórrido e eterno que faz aqui em Rio Branco/Acre onde moro, aqui não existe frio, quente o ano inteiro no coração da Amazônia....
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