E foi assim que reencontrei os sonetos de Camões no livro “Lírica, Redondilhas e Sonetos”, da Biblioteca da Folha. Li com atenção, sobretudo, aquele que fala sobre mudança e que confirma meus sentimentos. Aliás, os livros têm essa obrigação: falar o que queremos e precisamos ouvir.
Estava a pensar sobre mudanças. Ao rever alguém depois de uma década sem contato, o que eu gostaria de dizer? Que pouco mudou na minha trajetória? Ou que houve uma reviravolta e que hoje sou outra pessoa? Nem pouco nem tanto, talvez. Mas, com certeza, ficaria feliz ao surpreender meu interlocutor com novidades, a começar pelos cabelos. Dizia o poeta português: “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Até mesmo a mudança muda, ele enfatiza. Penso que fugir do novo é entregar-se ao marasmo do destino. Como bem destacou o também poeta e dramaturgo russo Vladimir Maiakovski, “melhor morrer de vodca que de tédio.”
Vou pensar, mais um pouco, no tema e no que mudou na minha vida nos últimos dez anos. Quem sabe não tenha muito a contar. Assim, espero.
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,Mude
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança.
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía."
Vídeo que vi em 2003. Até as imagens dele mudaram. Confesso preferir a versão anterior. Pois é, nem sempre as mudanças agradam ;-)
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