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sábado, 5 de abril de 2025

clube de leitura dos corações solitários


"Levei o livro junto ao peito, com uma tristeza repentina e devastadora. Não por causa das pessoas que eu perdera e continuaria a perder, mas porque, mesmo com a perda sempre no horizonte, a vida ainda me chamava."

Ultimamente, tem surgido uma onda de romances que se passam em livrarias, bibliotecas ou giram em torno do amor pelos livros. Clube de Leitura dos Corações Solitários, de Lucy Gilmore, entra nessa mesma prateleira. É uma leitura leve, que entretém sem prometer grandes mensagens nem referências literárias sofisticadas.

A história gira em torno de Sloane Parker, bibliotecária introvertida, e Arthur McLachlan, idoso, rabugento e frequentador assíduo da biblioteca. A partir da relação inusitada entre os dois, outros personagens vão se conectando: a vizinha de Arthur, seu neto e um colega de trabalho de Sloane. Juntos, criam um improvável clube de leitura.

Como era de se esperar, nem tudo corre bem. Arthur tem um temperamento difícil e, mesmo entendendo que sua rigidez é para esconder suas verdadeiras emoções, confesso que em vários momentos considerei seu comportamento abusivo. Já Sloane vive enterrada nos livros e praticamente nunca se expõe ou entra em conflito. Está noiva de um quiropata que gosta dela, mas não desperta paixão, o que combina com o tom morno de sua vida. Guarda, porém, lembranças dolorosas da infância, dos conflitos familiares e da perda da irmã.

A vizinha é uma figura hilária. Ela tem suas questões com a filha, mas garante o toque de humor ao romance. Em contrapartida, o neto é um dos personagens mais sem graça que já vi. Sua presença em cena nada acrescenta, e suas descrições só pioram essa impressão.

Um ponto que me agradou foi a estrutura dos capítulos. Cada um é narrado sob o ponto de vista de um personagem. A abertura exibe a imagem de cartões de biblioteca, aqueles nos quais se anotavam os nomes de quem pegava o livro emprestado. Um detalhe simples, mas que chama a atenção.

Resumindo: não sei se indicaria. Há livros muito melhores para quem procura histórias sobre bibliotecas e livros. Um exemplo é A Biblioteca de Paris, de Janet Skeslien Charles.

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