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domingo, 8 de setembro de 2013

maldito karma


Quer dar umas boas risadas? Então leia 'Maldito Karma', do alemão David Safier. Em seu país, o escritor também é criador de séries para a televisão. Inclusive, ganhou o German TV Awards, prêmio citado no livro. Aliás, é com esta condecoração que tudo começa.

Estamos na Alemanha e a apresentadora Kim Lange está se preparando para sua grande noite. Ela é uma das indicadas para o tal 'oscar'. Para tanto, abre mão de participar da festa de aniversário da filha de cinco anos. O remorso aparece vez ou outra, mas nada parece ser mais especial do que seu estrelato. Nem o casamento com Alex, que vai ficando para segundo plano a cada sorriso de Daniel Kohn, seu adversário de palco, por quem nutre fantasias eróticas.


O romance tem o tom das chick-lits, mesmo tendo sido escrito por um homem. Apresenta situações bem engraçadas e pensamentos esdrúxulos tendo o budismo como pano de fundo. Após passar pela maior vergonha da vida na premiação, Kim morre. O fragmento de uma estação espacial russa, em vez de se desintegrar na atmosfera, cai na sua cabeça. E como ela era uma pessoa que não hesitava em passar por cima das outras para conseguir o que queria, não acumulou bons carmas. Resultado: ao morrer, vê a luz que todos comentam, faz a retrospectiva da vida, sente-se protegida pelo universo e reencarna. Como formiga. Depois como porquinho-da-índia. Minhoca. Escaravelho-da-batata. E outros tantos bichos. Nesta jornada rumo à evolução e ao nirvana, conhece Giácomo Casanova, o mulherengo da Veneza do século XVIII, que vai ser seu comparsa na arte de reunir bons carmas e espionar sua família.

Os trechos em que conversa com Buda são hilários, como aquele em que o mestre explica que "a vida está organizada de maneira diferenciada. As almas dos fiéis cristãos são administradas por Jesus, as dos fiéis islâmicos por Maomé etc." Com Buda ficam as almas que acreditam no budismo e as que não acreditam em nada, como é o caso de Kim. Os rodapés com as divagações de Casanova também são bem divertidos. Pena que no fim o autor tenha diminuído o deboche e, com isso, nossa diversão. Ficou chato ao querer ele próprio atingir seu nirvana.

"O que era mais difícil de aceitar? Que alguém já não o ama mais? Ou que esse alguém morreu, mas sua alma está feliz no nirvana?"

Capa da edição portuguesa

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