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quarta-feira, 1 de maio de 2013

o tempo entre costuras

María Dueñas me conquistou. Li seu segundo livro, “A melhor história está por vir”, sem pausas. Agora terminei o best-seller “O tempo entre costuras”, primeiro romance da escritora.

A narração é feita pela protagonista, Sira Quiroga, e passa pelos bastidores de dois grandes conflitos, a Guerra Civil Espanhola (1936/1939) e a Segunda Guerra Mundial (1939/1945). Personagens fictícios interagem com personalidades reais desse período, como Juan Luis Beigbeder y Aienza, Allan Hillgarth, Rosalinda Fox, Serrano Suñer. Todos envolvidos em questões políticas, serviços de inteligência e a administração do protetorado espanhol em Marrocos.

Sira mora com a mãe em Madri. As duas são costureiras e levam a vida sem extravagâncias ou sobressaltos. E também sem muito entusiasmo, fica noiva de Ignacio. Para ela, apenas “alguém com quem passar o resto da minha vida adulta sem ter de acordar a cada manhã com a boca cheia de solidão.” Até que ele a leva para comprar uma máquina de escrever. A aquisição seria o último passo do casal ao altar. Ela aprenderia novo ofício, já que a iminente guerra civil havia prejudicado todos os tipos de negócios, inclusive os ateliês de costura. Enquanto o noivo está atento a todos os detalhes do equipamento, ela boceja e vai dar um passeio pela loja. É quando Ramiro aparece com seu ar galanteador, poderoso e requintado. O oposto do pacato Ignacio. Sira estremece. A paixão arrebatadora põe fim no noivado e ela parte com o amante para Marrocos. Ainda não sabia que seria abandonada grávida, endividada e com processos judiciais nas costas.

Dividido em quatro partes, o livro mostra o amadurecimento e as reviravoltas da protagonista ao longo dos anos e dos lugares que frequentou em Tetuán, Madri e Lisboa. A habilidade com a costura apresenta a Sira outro mundo: sofisticado, mas cheio de espionagem e traições políticas. E é justamente esse ofício que a transformará de ingênua em astuciosa e requisitada. A personagem foi muito bem construída e o modo com que é descrita nos permite perfeita visualização de seus traços, seus trejeitos, suas roupas. Tudo de acordo com a ocasião em que se encontra. “Nunca desmenti nem uma vírgula da imagem que havia se formado de mim... Também não a alimentei: simplesmente me limitei a deixar tudo em suspense, a alimentar a incógnita e me fazer menos concreta, mais indefinida: grande gancho para atrair a curiosidade.” Leitura obrigatória para quem aprecia bons livros. A espanhola Antena 3 adaptou o roteiro para a televisão.


Trechos

“Eu era céu e as estrelas, a mais bonita, a melhor. Meu cabelo, meu rosto, meus olhos. Minhas mãos, minha boca, minha voz. Eu inteira configurava para ele o insuperável, a fonte de sua alegria.”

“Não me repreendeu nem me pediu que reconsiderasse meus sentimentos. Só pronunciou mais uma frase, lentamente, como se escorresse.
- Ele nunca vai amá-la tanto quanto eu.”

“Não era exatamente alegria que eu sentia nos ossos enquanto os últimos raios de sol acompanhavam meus passos de volta para casa. Nem entusiasmo, nem emoção. Talvez a palavra que melhor se encaixasse no sentimento que me invadia fosse orgulho.”

“Mas errei, como quase sempre se erra quando construímos concepções com base no frágil apoio de uma simples ação ou algumas palavras.”

7 comentários:

  1. Sou louca pra ler este livro - O tempo entre costuras... parece ser muito bom.
    Te seguindo, venha conhecer meu blog, e tem sorteio rolando... espero q goste, bjs

    http://penteadeiradasloucas.blogspot.com.br/2013/07/sorteio-depois-dos-quinze-kit.html

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  2. Há uma questão de plágio envolvendo essa obra. O que pensa sobre isso?

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    1. Oi! Realmente não ouvi falar do plágio. Pesquisei agora que vi sua mensagem (desculpe-me pela demora em lê-la). Confesso que fiquei interessada em ler o livro que foi, supostamente, plagiado:'Embassy y la inteligencia de Mambrú'.

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