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Cotswolds |
Comecei a ler “Os catadores de conchas”, de Rosamunde Pilcher. O romance é ambientado na Inglaterra e nas primeiras páginas deparo-me com o nome de uma região: Cotswolds. Apaixonada pelas paisagens desse país, fiz a busca na internet. Quando vi as imagens, suspirei. Interessante como há lugares com os quais nos identificamos. Campos verdes, construções antigas, ruas estreitas. Exatamente a imagem que tenho do Reino Unido. Desde criança, sempre tive o sonho de conhecer a Inglaterra. Tanto que quando me formei, esse foi o meu presente: um intercâmbio em Brighton. A cidade foi escolhida sobretudo por não ser Londres. Não que eu não goste dessa capital, muito pelo contrário. Mas eu sempre me vi viajando pelas estradas que levam ao interior ou litoral inglês. E ainda hoje, depois de tanto tempo, ainda lembro exatamente a sensação que senti. Tudo era do jeitinho que eu havia pensado. Da janela do ônibus, com mesas, que peguei naquele primeiro dia em solo britânico, entre uma conversa e outra que ouvia e não conseguia entender pelo sotaque carregado, eu apreciava os campos, os carros na direção contrária. Era dezembro, o dia estava ensolarado, mas muito frio. Ideal. Perfeito. Melhor que isso, só ter chegado ao destino: uma casa linda, com papel de parede, escada, sótão e muitos, muitos detalhes que a tornavam aconchegante e muito parecida com uma casinha de boneca. Como não suspirar diante das lembranças que a literatura proporciona?
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Eu facilmente me imagino morando aqui |
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Meu contato com o inglês começou por meio de uma série de LP´s antigos que havia na casa dos meus pais: Curso Pop Music de Inglês, da editora Abril com consultoria da Cultura Inglesa. Eu tinha doze, treze anos quando me interessei por eles, na época já eram velhos. As aulas consistiam em acompanhar a letra das músicas, ler algumas dicas sobre gramática, treinar a pronúncia e fazer os exercícios. Tudo estava no encarte do disco. Uma delícia. Lá conheci "Lucy in the sky with diamonds", "Hello, goodbye", entre outras canções dos Beatles e de muitas bandas e cantores das décadas de 60 e 70. Os intérpretes não eram os originais, mas só descobri depois. E eu fazia tudo direitinho. Tanto que pedi para meus pais os Cursos de Idiomas Globo, que vinham com um fascículo e uma fita cassete. Compraram kits de inglês e alemão. Os de inglês eram todos ambientados na Inglaterra, o que contribuiu para meu apego ao sotaque britânico, aos campos verdes e à boa música. Ainda hoje me lembro dos diálogos que havia nesses cursos. Fecho os olhos e ouço as personagens falando: "- Why didn´t you consult me? - I didn´t want to waste your time, it was a very straightforward decision." Este é apenas o começo de um deles, que continua completo na minha cabeça. Incrível como guardamos certas coisas. Nada como aproveitar tudo o que está à nossa disposição. Saudades de uma época frutífera e que o compromisso era unicamente ser movida pela curiosidade e pela imaginação. Mas será que não podemos sempre seguir assim? ;-)