Páginas

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

metodologia da pesquisa em comunicação












Em "Metodologia na pesquisa em comunicação", texto extraído do "Dicionário da Comunicação" (imagem abaixo), os professores e pesquisadores Maria Immacolata Lopes e Richard Romancini discorrem sobre a epistemologia nos estudos sobre comunicação. Interesse relativamente novo, que surgiu na década de 90 e que traz uma reflexão sistemática sobre o conhecimento produzido no campo de comunicação.

A epistemologia é o estudo do conhecimento, seus fundamentos e princípios. Tem dimensão metafísica e valida o conhecimento produzido. E é justamente nesta validação que reside sua principal contribuição. Segundo os autores, toda pesquisa precisa ter um caráter prático, ou seja, precisa contribuir, de alguma forma, para a sociedade. Mais que buscar ‘status’, os estudos devem almejar os lucros epistêmicos. É imperativo indagar sobre a importância social do objeto a ser estudado, ou seja, o investigador precisa ter o compromisso com os problemas que precisam ser tratados. Isso depende muito mais de nossas filosofias e crenças do que da ciência. Para que o campo da comunicação avance, temos que fazer perguntas cada vez mais relacionadas com nossa existência social. 

Os autores questionam ainda a tensão entre tradição e mudança no campo científico. As práticas reflexivas atuais sobre a ciência dispõem sobre a relação entre o sujeito (investigador) e o objeto (investigado). Ao contrário dos estudos epistemológicos tradicionais, cuja atenção era a relação entre o objeto e o conhecimento.

Outro ponto a ser considerado na forma com que as pesquisas são feitas é a interdisciplinaridade. Estudar o mundo considerando que ele é uma realidade com inúmeras narrativas, e não segmentado por disciplinas, é a tarefa das ciências humanas. Além disso, a sociedade global exige que qualquer análise envolva necessariamente várias ciências. É o que vai dar conta de toda a realidade. Essa interação vai além das ciências exatas, humanas e sociais, passa também pela experiência comum, a intuição e a imaginação social. 

No século 19, o estudo sobre estado e o mercado, política, economia eram separados. Cada um com sua regra. Para lidar com a segregação, criaram-se novas designações interdisciplinares, como estudo da comunicação, ciência da administração, ciência do comportamento. Mas o que vem acontecendo, e que foi alvo de críticas, é que ao usar duas disciplinas, o pesquisador enfatiza a divisão e não a interdisciplinaridade. Aqui vale a ressalva que disciplina é a prática, e só se efetiva após longo trajeto de pesquisa. Diferente de doutrina, que é onde reside a teoria abstrata. Claro que há necessidade de especialização dentro de um campo de estudo, porém, há a necessidade maior de transdisplinarização ou pós-displinarização: superação dos limites entre especialidades fechadas e hierarquizadas. Para os autores, é preciso ter mais profundidade e consistência do que prestígio institucional. Em outras palavras, não cabe mais a máxima de que cada um deve se restringir ao seu campo de atuação.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

amor verdadeiro na livraria dos corações solitários



"Não é que eu seja tímida, não exatamente, ou que odeie as pessoas, porque não é isso. É mais que eu acho o mundo muito barulhento e cansativo."

"E tem as pessoas. Tantas pessoas, e todas elas falando sem parar, sem nem se preocupar se estão falando baixo.Tendo que expressar cada pensamento que lhes vem à cabeça. Não consigo nem sair para uma caminhada sossegada no parque sem ter alguém em volta gritando no celular, ou ouvindo música e imaginando que o resto do mundo também quer ouvir. Existe um limite para o que eu consigo aguentar!"


Ai, que delícia trabalhar em uma pequena livraria londrina, especializada em livros românticos e com uma casa de chá que deixa o ambiente ainda mais gostoso. Pois é exatamente assim a "Felizes Para Sempre", apresentada para nós na série "A livraria dos corações solitários", da inglesa Annie Darling. O primeiro livro contou como o estabelecimento surgiu e a história de Posy Morland, a proprietária.

Agora, em "Amor verdadeiro na livraria dos corações solitários" temos a sequência sob o ponto de vista de outra personagem que trabalha lá, a introspectiva Veridity Love. Logo de cara, achei melhor que o livro anterior. Gostei muito de ler sobre esta moça, que não gosta muito de se relacionar com outras pessoas. Seu problema é o barulho que o mundo produz. Tudo o que ela quer no fim do dia é sossego e espaço para tomar um vinho em companhia somente de um bom livro. Convenhamos, isso não é pedir demais. Mas todos conspiram contra seus objetivos simples de vida. São tantas celebrações, encontros, festas. E, para piorar, a cobrança por um relacionamento amoroso. Para driblar tudo isso, ela inventa um namoro fictício com Peter Hardy, oceanógrafo que vive em alto mar e que sempre volta nos momentos mais oportunos, livrando-a de vários compromissos. Afinal, "precisam curtir o reencontro a dois". Entretanto, depois de certo tempo, os amigos querem conhecê-lo. Haja desculpas! Até que num ato de desespero, Verity acaba conhecendo Johnny. Ela, literalmente, se joga na mesa em que ele está jantando quando as amigas a seguem na tentativa de conhecer o tal cara misterioso.

Eis que ele tem exatamente o mesmo problema: pressão para que arrume uma namorada. A partir daí, tudo é previsível. Vale apenas como entretenimento. Aliás, da metade do livro para frente, eu me decepcionei. Achei muita enrolação para pouca aventura. Sem contar o final, extremamente meloso e piegas. Cadê o humor das primeiras páginas? Uma pena. De qualquer forma, não vou deixar de frequentar essa livraria. Já estou com o próximo tomo, que fala sobre Nina. É sempre bom ter um chick lit na mão para quebrar a tensão do dia a dia.

Trechos que também falam por mim ;-)


"Foi um dia cansativo e eu preciso de sossego."

"Tudo que ela queria era se sentar e ler um livro com uma taça, ou no máximo duas, de vinho tinto."

"Era sua poltrona de leitura. Sua poltrona-santuário. Sua poltrona de se-aconchegar-debaixo-de-um-cobertor-e-deixar-que-o-mundo-a-esquecesse."