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terça-feira, 12 de junho de 2018

a garota italiana




"Dei-me conta de que podemos amar alguém de todo o coração, mas isso não significa que essa pessoa nos faça bem."


Faz tempo que estava com "A garota italiana" em casa. Mas quando comecei a leitura, deslanchei, como sempre acontece com os livros de Lucinda Riley. 

Rosanna Menici escreve ao filho contando sua obsessiva história de amor. Não chega a ser um romance epistolar. Há apenas algumas cartas que se intercalam com os capítulos narrados ora sob o ponto de vista dela, ora de outros personagens. Ela nasceu em Nápoles e quando criança se sentia o patinho feio da família, principalmente quando comparada com a irmã, admirada por todos por sua beleza. Durante uma festa, quando tinha 11 anos, conhece Roberto Rossini. Com 28 anos, já era um famoso cantor de ópera. Na festa, Rosanna tem seu momento de fama quando pedem que ela cante Ave Maria. Sua voz encanta a todos, inclusive Roberto, que a indica a um renomado professor de música. É o começo de muitos sonhos e estudos. Os anos passam e ela se aperfeiçoa cada vez mais. Contudo, em determinado momento terá que escolher: cantar no teatro que sempre quis ou viver o grande amor da vida. Confesso que fiquei chateada com a escolha. Mas temos que lembrar que Lucinda trata do amor acima de tudo. Desta vez, traz um sentimento que cega e que distancia a pessoa de tudo mais, inclusive colocando a vida do filho em risco. 

Como já disse outras vezes, seus livros não trazem nenhuma reflexão profunda. São bons enquanto duram. Sempre com cenários calmos, tranquilidade. E é isso que me atrai. Dica: leia de barriga cheia. Porque aqui e ali surgem massas, risotos e bate uma fome. Tanto que li alguns capítulos durante as refeições e assim pude ter uma experiência sensorial. Adoro fazer isso e recomendo. Estão tomando chá na história? Faça um. Bebendo vinho? Pegue sua taça? Comendo macarronada? Faça seu próprio prato! Tudo fica mais agradável e nos sentimos no desenrolar dos fatos. Também ouvi algumas das operas que são citadas, como Madame Butterfly, de Puccini, com o mesmo propósito: entrar no livro

Mas tenho duas críticas. A primeira é em relação aos trechos machistas. A mulher de 45 é velha para o moço de 30 e poucos. Inclusive, chega-se a dizer que ela está longe da fertilidade e, por isso, não serve para ele. Absurdo. Ao passo que não há nenhum comentário negativo para o relacionamento do cara de 41 anos com a mocinha de 24. Não sei se essa foi a mensagem que a autora quis passar, refletindo o que se passa na sociedade ou se realmente escreveu por escrever, sem pensar. Infelizmente, não senti nada subliminar. Apenas preconceito mesmo. Lucinda, please! Outro ponto é na escrita. Talvez seja problema de tradução, mas encontrei alguns absurdos como um ‘bebê prematuro de cinco semanas’. Além das pessoas sempre ‘cerrarem o punho’ quando nervosas. Essa repetição enfraquece o texto.

No mais, foi gostoso passar alguns dias em Nápoles e no interior da Inglaterra com Rosanna, sua família e amigos. Última observação, não comprem o livro apenas pela capa, pois a da edição brasileira não tem nada a ver com a história ;-)

"O amor é uma espécie de vício. É preciso suportar um período de abstinência e não se punir por de vez em quando pensar que nunca vai passar."

"Se tem uma coisa que aprendi na vida, foi que ela não é um ensaio. Para nós, mulheres, é mais difícil. Se quisermos ser felizes, precisamos ser mais fortes que os homens."

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