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sexta-feira, 28 de abril de 2017

para educar crianças feministas


Sou fã de Chimamanda. Este livro é a adaptação da carta que ela escreveu para uma amiga que lhe pediu sugestões para educar sua filha seguindo as premissas feministas. Bem, como ela mesma pode comprovar, é muito mais fácil dar sugestões para filhos dos outros do que aplicar as mesmas recomendações em suas próprias crianças. Mas gostei de sua abordagem. E devo dizer que concordo com absolutamente tudo o que escreveu. Abaixo, brevemente, suas 15 dicas. Por favor, leiam e divulguem este excelente livro.

1) "Seja uma pessoa completa." Não devemos nos culpar por não abandonar nosso trabalho e as demais coisas que gostamos de fazer por conta da maternidade. Continue sendo você e tudo ficará bem.

2) "Façam junto." Esta é uma máxima que sempre acreditei. Nada de dizer que o pai ajuda com o bebê. Ele tem tanta responsabilidade quanto a mãe. O mesmo vale para a casa. Por que devemos elogiar os homens que fazem tarefas domésticas como se fosse um favor?

3) "Ensine que papéis de gênero são totalmente absurdos." Nada de dizer: seja boazinha como uma menina. Ou menino não chora. Também não limite as brincadeiras e brinquedos às divisões que as lojas e sociedades costumam fazer. Carrinhos para menino. Bonecas para menina. Tudo isso pode impedir que surjam grandes engenheiras, por exemplo.

4) "Cuidado com o Feminismo Leve". Aquela ideia de que os homens são levemente superiores e devem tratar bem as mulheres. E que, por exemplo, uma esposa só alcança o sucesso porque o marido deixou.

5) "Ensine a ler". Ensine o gosto pela leitura, pelos livros. E se o seu exemplo não adiantar, dê recompensas para que a criança leia. O retorno será sempre satisfatório.

6) "Ensine-a a questionar a linguagem." Não use expressões que ensinam que a mulher é frágil, como princesa (que tem que esperar por um príncipe). Ou que são os meninos que protegem as meninas. Elas não precisam de proteção, mas de tratamento igual.

7) "Nunca fale do casamento como uma realização." Por se preocupar tanto em arrumar um marido, muitas mulheres deixam de fazer coisas que poderiam ser bem mais prazerosas. Ela também questiona o fato de as mulheres terem que assumir o sobrenome do marido. Por que não manter sua própria identidade?


8) "Ensine-a a não se preocupar em agradar." As meninas são sempre ensinadas a serem boazinhas, agradáveis e fingidas. O que pode ser bem perigoso, principalmente no caso de um abuso. O importante é que elas sejam ensinadas a serem honestas e bondosas. E, principalmente, a defender o que é seu.

9) "Dê um senso de identidade." Aqui o conselho é para a filha da amiga crescer com o orgulho de ser uma Mulher Igbo. Ou seja, a abraçar o que sua cultura tem de mais bonito. A valorizar sua cor, seu cabelo, principalmente diante da mídia que sempre enfatiza as mulheres brancas.

10) "Esteja atenta às atividades e à aparência dela." A dica é: "incentive-a a praticar esportes. Ensine-lhe a ser ativa. Façam caminhadas juntas. Nadem. Corram. Joguem tênis. Futebol. Pingue-pongue. Todos os tipos de esporte." Também ressalta a importância de deixar que ela encontre seus próprios padrões de beleza e não permitir que ela associe beleza a dor e ao sacrifício.

11) "Ensine-a questionar o uso seletivo da biologia como "razão" para normas sociais em nossa cultura." Principalmente para que ela questione os ditos privilégios dos homens, como sua força física ou a promiscuidade.

12) "Converse com ela sobre sexo, e desde cedo." Pode ser constrangedor, mas é importante para que ela entende que o corpo é dela e que nunca deverá dizer sim para algo que não quer. Também é preciso dar abertura para que ela converse com você sobre o assunto.

13) "Romances irão acontecer, então dê apoio." Mostre que o amor é uma troca. Ela não deve apenas dar. Também tem que receber. Reforçe que ela deve ser independente, o que inclui a questão financeira, mesmo se for casada. "Ensine-lhe que NÃO é papel do homem prover."

14) "Ao lhe ensinar sobre opressão, tenha o cuidado de não converter os oprimidos em santos." O que ela quer dizer é que há nos discurso sobre gêneros a ideia de que as mulheres são moralmente melhores do que os homens. O que não é verdade. "Mulheres são tão humanas quanto os homens. A bondade feminina é tão normal quanto a maldade feminina." Da mesma forma, nem todos os homens são misóginos.

15) "Ensine-lhe sobre a diferença." Um dos ensinamentos mais importantes: "ensine-lhe sobre a diferença. Torne a diferença algo comum. Torne a diferença normal. Ensine-a a não atribuir valor à diferença. E isso não para ser justa ou boazinha, mas simplesmente para ser humana e prática. Porque a diferença é a realidade de nosso mundo. E, ao ensinar-lhe sobre a diferença, você a prepara para sobreviver num mundo diversificado. Ela precisa entender que as pessoas percorrem caminhos diferentes no mundo e que esses caminhos, desde que não prejudiquem as outras pessoas, são válidos e ela deve respeitá-los. Ensine-lhe que não sabemos - não podemos saber - tudo sobre a vida. A religião e a ciência têm espaços para as coisas que não sabemos, e isso basta para nos reconciliarmos com esse fato."

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