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quarta-feira, 22 de abril de 2015

a garota do penhasco

A garota do penhasco”, de Lucinda Riley, é recheado de clichês e fatos previsíveis. No meio da leitura você pensa: ‘agora vai acontecer isso’ e suas expectativas não são frustradas. Eis o fato ali, nas próximas páginas. Também não traz novidades em relação ao livro anterior da autora que li, “A casa das orquídeas”. O enredo, aliás, é o mesmo. Saímos do presente para o passado e voltamos para fechar um ciclo de várias gerações, que em geral têm amores frustrados, nobres, muita grana envolvida, paisagens lindíssimas do interior inglês ou dos penhascos irlandeses e temperaturas amenas. Escolhi esta leitura para brindar o outono que chegou e deixou para trás o verão insuportável. É sempre gostoso ler algo que nos transporta para lugares que gostaríamos de estar. E eu sempre fui muito envolvida com as paisagens inglesas, escocesas e irlandesas. Poderia viver transitando por esses cenários. Como ler é viajar com a alma, é a alternativa que encontro no momento para me deslocar, o que não deixa de ser uma experiência agradável. 

Enfim,  começamos com Grania que acaba de terminar um relacionamento de muitos anos com Matt após ter um aborto. Isso faz com que ela deixe Manhattan e volte para sua terra natal, a Irlanda, especificamente na Baía de Dunworley. Pensando na vida ao caminhar pelos penhascos, ela encontra a garota do título, Aurora, que é a narradora da história. A partir daí, as duas ficarão muito ligadas, o que nos permitir conhecer a saga que une suas famílias. As mulheres mandam no livro: Mary, Anna, Kathleen, Grania e a própria Aurora. Os homens são apenas coadjuvantes. Chega a ser banal a participação deles ao longo da narração. Todos ‘parados’, esperando uma decisão feminina. Há passagens da primeira guerra mundial, bailarinas russas, criança viajando desacompanhada dos confins da Irlanda até Nova York, desencontros, mal entendidos, injustiças. Lá pelas tantas até pensei que uma das personagens iria pelo mesmo caminho de Sira Quiroga, protagonista do belo “O tempo entre costuras”, de María Dueñas. Mas não. Seu destino era outro, da mesma forma cheio de reviravoltas, mas menos glamoroso.

Alguns poderão achar o final é demasiadamente triste. Mas não vi assim. Considerei um bom desfecho, embora não tão surpreendente ou inimaginável. Daqueles livros que entretêm, mas que logo são esquecidos em seus detalhes. Fica, contudo, a boa sensação do momento em que o estivemos lendo. O que para mim vale. E muito. Tanto que já estou em outra história da mesma autora, desta vez na França. Vou lá preparar mais chá para me acompanhar ;-)

Veja a autora falando sobre o livro. Podemos ter uma ideia da paisagem. Linda, não?

Dunworley, na Irlanda, cenário do livro
















 
Trechos
 
“Estou na fase da vida que todos temem – a de preencher os dias com o passado, porque há pouco futuro pela frente.”

Tudo tem seu equilíbrio natural, e como saberíamos que somos felizes se não passássemos por algumas tristezas de vez em quando? Ou nos sentíssemos saudáveis se nunca ficássemos doentes.”

“Ora, bem, posso dizer que nunca pensei se gostava ou não das pessoas. Elas meio que existem, não é? A gente precisa conviver com elas, não acha?”

“E não tive um pingo de medo. As pessoas, muitas vezes, me perguntam por que dou a impressão de não ter medo.  Aparentemente, isso é o que impede tanta gente de fazer o que precisa fazer para a sua vida ficar melhor. Bem, eu realmente não tenho a resposta, mas, talvez, quando não se tem medo de fantasmas ou, na realidade, da própria morte, que é a pior coisa que pode acontecer a um ser humano, não há muito mais coisas de que sentir medo.”

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