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sábado, 22 de fevereiro de 2014

dolci di amor

Poderosa executiva em Nova York, conhecida por planejar cada segundo da vida, Lili fica sem ação quando descobre que o marido possui outra família na Itália. A dor é ainda maior quando ela vê duas crianças ao lado dele. Com mais de quarenta anos, ressente-se por não ter dito filhos. Foram vários abortos e uma tentativa de adoção frustrada. Ao olhar a fotografia que revelou o adultério, a única coisa que sentia era vazio. Mesmo assim, arruma a mala e parte para a Toscana. Era lá que encontraria Daniel.


"Dolci di Amor", da neozelandesa Sarah-Kate Lynch, tem sabor de dia fresco, ensolarado e calmo. Momento em que esquecemos os compromissos e apenas nos deliciamos com uma taça de vinho branco. De preferência um riesling, como a protagonista da história. E se a oportunidade deixar, diante de "ondulante mar de retalhos verdes: tantos tons diferentes e cada um mais profundo, claro ou deslumbrante que o anterior." Assim fica mais fácil divagar sobre os problemas, que vão se atenuando ou tornando-se insignificantes diante de tamanha sensação de bem-estar e cheiro sedutor de amorucci, biscoitos doces, saindo do forno.

E se os dilemas forem sentimentais, as coisas ficam ainda mais fáceis se a sorte nos levar para o vilarejo que abriga viúvas, bem velhinhas, especializadas em remendar corações partidos. Segundo elas, tudo o que é remendado fica muito mais resistente. Lili vai poder conferir se a tal Liga Secreta das Cerzideiras Viúvas realmente tem poderes restauradores. Toscana é fonte de inspiração para livros. Mas mesmo os que trazem relatos de viagens, como o de Marlene de Blasi e seus mil dias, falam sobre o amor e os efeitos terapêuticos da região. O livro de Lynch é previsível, mas vale se você busca por leitura tranquila e doce.

"Era tão lindo que era impossível se concentrar no que a trouxera ali. Em vez disso, ela se apoiou no batente da janela e observou a luz do dia rastejar através da paisagem, o tom ofensivo de damasco nos lençóis elétricos e seu coração infeliz esquecidos enquanto ela simplesmente deixava as cores naturais do mundo se revelarem diante dela."

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