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segunda-feira, 18 de junho de 2012

outono

Após o compromisso que me fez sair de casa mais cedo que de costume, entrei no café da Aliança Francesa. Pedi um chá de laranja com especiarias e madeleines de Proust, que nada mais são que bolinhos com traços de limão. Sentei-me junto à janela e, assim como o autor francês, fui levada a uma sucessão de pensamentos involuntários.

Na verdade, a parada, antes de entrar na empresa em que trabalho, foi um pretexto para a leitura de mais um capítulo de “A Casa das Orquídeas”, de Lucinda Riley. Depois escrevo mais sobre ele. Mas passei por um trecho que me deixou com vontade de continuar lá por mais tempo.

Primeiro porque a combinação do chá com as madeleines estava muito boa. Segundo, e principalmente, porque a manhã estava bem agradável. Céu azul, leves raios de sol e um friozinho convidativo. Clima típico do outono. Cenário perfeito para uma boa leitura. E, de certa forma, parecido com a passagem do romance em minhas mãos.

Lá duas personagens estão na varanda de um castelo a desfrutar do fim da tarde de um verão inglês (que aqui vou comparar ao nosso outono). Tomam vinho rose francês e planejam o próximo dia: “Depois vamos passear pelos jardins e eu vou lhe mostrar a estufa. Pode pegar o livro que quiser na biblioteca. Há uma casa de verão protegida atrás do caramanchão das rosas, à esquerda do jardim murado, onde costumo me sentar para ler.”

Pronto. Bastou ler isso para eu ficar assim. A devanear. Calmamente, olho para a rua e vejo pessoas subindo a calçada apressadas. Os carros disparam buzinas impacientes e o congestionamento de metas se instala. Mas não sou influenciada por esse motim. Será que não estou no lugar certo e nem na hora certa? Tomo o último gole de chá e guardo a madeleine que sobrou. Quem sabe não precise dela mais tarde, quando a quimera se for.

Fez parte dos devaneios

4 comentários:

  1. Leitura bastante convidativa! Realmente, parece ser um livro que vale a pena.

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  2. Boa leitura, chá e madeleines, nada mais propício ao devaneio..

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  3. Acho que eu sei bem como é isso. E vejo aí uma parte de bem-estar, completamente conectado ao aqui/agora (ainda que você não compactue da pressa que viceja ao redor), e uma parte de uma certa nostalgia (ou empatia), como se o tempo que lhe cabe, no momento,fosse outro e o lugar também. Ambas as sensações são parte das delícias de que usufrem as pessoas que gostam de ler, pensar, divagar.Bom, né?!

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  4. Que texto gostoso de ler, e nos deixa com gosto de quero mais...

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